Pedro G. Moreira
“... emitir os
três votos essenciais de pobreza, castidade e obediência, estabelecer juntos
vida clerical, com o hábito comum do clero, viver em comum e do comum,
dedicando-vos humilde e devotamente ao serviço de Deus...”[1]
O
Projeto Teatino, que foi concebido por S. Caetano Thiene e acolhido pelos seus
companheiros, João Pedro Carafa (Papa Paulo IV), Bolifácio de’ Collli e Paulo
Consiglieri, ganhou vida, isto é, fundou-se naquele 14 de Setembro de 1524,
como é sabido, no dia da Exaltação da Santa Cruz.
De
acordo com o Pe. Antonio Prato, que ouviu da boca de S. Caetano como tudo
começou: “ [...] Fazia tempo que lhe ocorria ao pensamento de reunir-se com
outros em vida claustral e regular, à maneira de ordem religiosa, mas de
sacerdotes, coisa que não existia naquele tempo” [ANDREU apud OLIVER]. De fato,
Caetano e Carafa sonhavam apenas em viver juntos, santificando-se no serviço do
próximo, na pobreza, para assim servir de exemplo aos demais padres da época. É
mister ressaltar, que a época em que se situa é a mesma, da de Lutero, que
também buscou a reforma – guardadas as devidas proporções – como o Santo
Fundador quis.
“Neste
ano de 1524, no dia catorze de Setembro no qual se celebra na Santa Igreja a
Exaltação da Cruz, dia tão aspirado por Caetano, [...], ele se une com seus
colegas, e se dispõe a consagrar-se a Deus professando os votos solenes na nova
Religião[2]” [MAGENIS,
MDCCLXXVL, p. 73]. O Projeto ganha vida com a profissão dos votos solenemente
na basílica de S. Pedro.
O
dia, bem como o local escolhido para a fundação, não foram, de modo algum,
frutos do acaso, pelo contrário, tendo estes uma grande significação. Corriam
em Roma frases como esta: “É necessário reformar a cabeça e depois o corpo”,
isto quer dizer que a reforma, tão almejada, deveria acontecer de dentro pra
fora da Igreja, desde seus ‘pastores até as ovelhas’. Caetano deveria acreditar nisto, visto que
escolhe professar os votos, fundando assim a Ordem, em cima da Pedra Basilar da
Igreja, S. Pedro e a ele dirigem os votos, ele que é “o primeiro chefe, pai e
protetor da mesma religião” [Idem, p. 75].
A
Ordem não é apenas produto de uma época, mas da Providência de Deus, que a quis
por seu instrumento de renovação.
REFERÊNCIAS
OLIVER, Antonio. Os teatinos: seu carisma, sua história, sua identidade.
MAGENIS, Caetano M. Vita di S. Gaetano Tiene: patriarca de' Cherici Regolari. Veneza, 1771.
[1]
Breve de Aprovação Exponi Nobis, do
Papa Clemente VII, redigido por Tiago Sadoleto e emitido no dia 24 de Junho de
1524, no dia de S. João. Texto basilar para a vida teatina; é uma síntese do
escopo da mesma.
[2] Este
termo também era designado para se referir à uma Congregação, Instituto, Ordem
ou Companhia.
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