sábado, 19 de abril de 2014

A ÁRVORE DA VIDA



 A cruz de Jesus é a árvore do amor. Sublime madeiro fecundo, do qual o fruto da salvação brotou por meio do Cristo. Dizemos que a cruz é uma árvore. Por que assim dizemos? Porque fazemos uma analogia com a árvore do bem e do mal do jardim do Éden, da qual Eva colheu o fruto proibido e o deu de comer a Adão.
Contudo, a árvore da cruz é a antítese da árvore do bem e o mal. Na remota árvore do Gênesis brotou o fruto do primeiro pecado da humanidade, em virtude do qual recaiu sobre a condição humana a morte. O Criador tinha dado poder comer de todas menos de uma, “pois desde o dia em que dela comerdes, tua morte estará marcada.” (Gn 2, 17b). Ou seja, comeram do fruto proibido e por isso morremos.
A cruz susteve o maior fruto de todos: o próprio Filho de Deus. Dela brotou o fruto esperado, a remissão de toda a humanidade. Por este fruto fomos de novo ligados ao eterno, ao pai de todas as coisas.  Se a primeira árvore nos separou do Criador a segunda tem o mérito de nos dar nova comunhão com ele. Já não somos mais abandonados por Deus, mas sim seus filhos remidos pelo sangue derramado do alto daquela cruz vitoriosa.
A cruz é a árvore da vida porque ao contrário daquela remota árvore do Éden, que nos deu a morte, nos deu a vida plena em Deus. Ela restabeleceu a relação com o Divino. E esta é a vida: o contato com Aquele que nos Criou.

Pedro G. Moreira

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Meditação sobre o encontro de nosso Senhor Jesus Cristo, carregando a cruz às costas rumo ao Calvário com sua Beatíssima mãe a senhora das Dores, Maria Santíssima.


Meditação sobre a Virgem das Dores
Texto base da meditação : Lamentações 1,12 (Lámed)
“Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta!”
Embora saibamos que Maria Santíssima não disse essas palavras, mas a Igreja, deste de os primeiros séculos atribuiu a ela essa lamentação. Podemos quase imaginar Maria, chorando atrás do cortejo que leva seu Divino Filho ao suplicio e entre olhares de repreensão de muitos conhecidos ou não, por entre lágrimas silenciosas, ela indaga a cada um: “existe dor igual à minha dor?”
Uma mãe que cria seu filho com todo amor, educa-o, nutre-o, cura-lhe as feridas de quedas quando criança, da ao fruto de seu amor toda a atenção, como nossas mães nos deram. Todos nós já ouvimos dizer que mãe nenhuma cria filho pra enterrar, mas espera que um dia, quando na sua velhice tiver que partir dessa terra, o seu amado filho estará ao seu lado, amparando, consolando, segurando as suas mãos...
Mas com Maria foi diferente, assim como infelizmente é com tantas mães que veem seus filhos em situações deploráveis, sub-humanas e mesmo com o coração em pedaços, nada podem fazer, mas continuam amando, consolando, fazendo-lhes companhia, ela, com uma troca de olhares, talvez um toque rápido nas mãos que tantas vezes lhe fizeram um carinho, mostra-se solidária com a dor, o sofrimento e a condenação do filho.
Maria é a figura desconsolada de tantas mães que perderam e ainda perdem seus filhos para as drogas, para a prostituição, para o alcoolismo, para pessoas sem escrúpulo que só visam o lucro e o próprio bem estar. Usando muitas vezes para adquirirem esse lucro a vida de pessoas que por um sonho ou uma desilusão, deixam suas famílias e partem sem saber se o que encontrarão será tão bom quando lhe disseram.
“Ó vós que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor!” é o que milhares de mulheres gritam perante uma sociedade que busca somente a realização de suas necessidades e não olha para os que sofrem. É só pararmos um pouco e prestarmos atenção, quantas pessoas clamam, com voz até rouca por uma atenção, por socorro, clamam desesperadamente aos céus na esperança de que ao menos Deus se compadeça de seu sofrimento e envie um bálsamo acalentador para suas feridas.
Mãe das dores, Virgem Maria, nossa mãe, vós que estivestes junto a vosso Divino Filho no doloroso caminho da Cruz, olha para nossas mães, avós, esposas, filhas, sobrinhas, mulheres que como teu Jesus carregam uma pesada cruz nem sempre aliviadas por um Cirineu, nem sempre com suas faces limpadas por uma Verônica piedosa. Dai-lhes ó mãe vosso auxilio nas angustias, vosso consolo nas tribulações, vosso colo para chorarem quando tudo mais parecer perdido e sem razão.
Com toda certeza, Maria Santíssima esperava ter ao seu lado na hora derradeira seu filho, mas Deus aprouve-lhe de outro modo: ela, silenciosa e com um choro angustiante, consolou, animou e acima de tudo rezou pela missão de seu filho. Aquela espada de dor que o velho Simeão profetizou que lhe transpassaria a alma agora se faz real e aguda. Agora ela começa a entender muitas das coisas que guardava e meditava em seu coração, quanta coisa agora lhe vinha aos olhos da alma, quantas palavras, quantos gestos...tudo a fizeram entrar na noite mais escura da alma: quando Deus revela por definitivo seu plano de salvação e nos pede que colaboremos ofertando algo de nós, aqui, Maria, mesmo com sua dor de mãe que vê o filho sendo condenado injustamente à morte, renova o sim dado ao divino mensageiro naquele feliz dia da anunciação e com a alma rasgada de dor, O oferece ao Pai para que se cumpra a nossa salvação.
Meditação sobre o Senhor Jesus dos Passos
Texto base da meditação: Isaías 52,14-15
“Assim como, à sua vista, muitos ficaram embaraçados – tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana – assim admirarão muitos povos: os reis permanecerão mudos diante dele, porque verão o que nunca lhes tinha sido contado,e observarão um prodígio inaudito.”
Assim se expressa bem o profeta quando no chamado “Cântico do servo sofredor”descreve a visão que muitos que estavam em Jerusalém para a festa da Páscoa tiveram daquele homem que nada fez de mal, mas que soube acolher, amar, perdoar e falar de uma forma que ninguém nuca havia falado. Mas qual seria o seu crime? Que horror poderia ter cometido tal homem? Porque teve castigo tão extremo?
Aquele homem que tanto bem fez, que com um olhar despertava a esperança escondida dentro de tantos, agora estava ali, mais chagado que um leproso, coberto de sangue, ferido, cuspido, escarrado, levando bofetões de todos os lados e ainda, com os mesmo olhar de amor inabalável que fitava a cada com um carinho que jamais outro olhou ou olharia novamente. Seu crime? Tratar todos com o mesmo amor, conviver com pecadores públicos, prostitutas, cegos, aleijados, doentes de todas as formas... dizer-se filho de Deus!
Seus cabelos possivelmente embaraçados formavam uma pasta só, unida pelo sangue que escorria de suas feridas feitas pela coroa de espinhos, suas mãos e pés, amarrados, dificultando ainda mais seu caminhar, seus olhos embaçados pelo sangue, a cruz às costas que lhe feria o ombro, os pés descalços que escorregavam nas pedras do caminho, o abandono por parte de seus discípulos, a incoerência do povo que dias antes o aclamava como rei com gritos de Hosana...
Quantas pessoas, ainda hoje sofrem as mesmas dores de Cristo! Quantas pessoas que são vendidas e traficadas por pura ganância, quantas pessoas ainda tem suas mãos e pés amarrados quando são encarceradas por traficantes ou de forma injusta, outras tem que trabalhar em situações de escravidão e perdem a dignidade de poderem trabalhar para seu sustento ou de seus familiares. Quantos que se dizem amigos, mas são pedras de tropeço, pois conduzem para o vicio, a dependência, ao abandono de seus valores...conduzem à perdição completa, quase apagando neles a imagem de filhos amados de Deus.
Deus nos ama de tal modo que entregou seu Filho amado para nos resgatar do pecado e da morte, nos libertar das amarras que nos levam para longe do que Ele sonhou para nós. Mesmo assim, nos obrigam ou nós mesmos somos obrigados a carregar uma cruz que ao invés de sinal de vitória pela morte vencida se torna vida vencida pela morte! Mas Deus não desiste de nós! Vem ao nosso encontro por meio de tantas pessoas, uma Verônica que nos enxuga o rosto, um Cirineu que se inclina e nos ajuda a levantar e a carregar a cruz, um doce olhar de mãe que nos acalenta o coração...tudo isso é Deus caminhando conosco.
Quantas quedas! Quantas pedras! Quantos espinhos! Quanta coisa vai se grudando nas feridas como as roupas de Jesus em seu corpo, mas quando chega a hora de tira-las, quanta dor! Coisas que vão se fixando em nós e vão quase se tornando uma segunda pele: falsos amigos, um ou vários vícios,uma necessidade supérflua, uma amor mal orientado, tudo isso, precisa ser tirado, para que a libertação a nós trazida por Jesus e conquistada por seu sangue seja eficaz e gere-nos para uma nova vida.
Jesus caminha com a cruz às costas não por ser um vitimista ou um fatalista, uma pessoa entregue à sorte, mas o faz consciente de que a sua missão passava pela cruz e seu amor ao Pai o sustentava. Ele caminha na dor para nos indicar que nunca devemos nos paralisar seja qual for o motivo, caminhar é preciso, chegar é preciso, consumar nossa vida por amor, mas por uma amor que valha a pena é fundamental, por isso, Ele o faz por primeiro e nos mostra como fazer.

Sofrimentos virão, incompreensões, perseguições, desilusões, fracassos, mas nunca sempre tudo isso durará, um dia a chuva para, o horizonte se abre, o sol aparece, a vida renasce e a cruz que olhávamos tão penosa e dolorida será um sinal de vitória e vida!Mas a experiência da ressurreição só experimenta quem passa pelo caminho da cruz e da morte no Calvário. Jesus mostrou isso!

O PREÇO DO MUNDO

                    

Ó madeiro bendito, 
que sustentou o preço do mundo em si,
tornou-se digna árvore do amor, 
da qual pendeu a salvação de todos. 

Tu és a figura e a forma do amor supremo,
que se concretizou em ti e
tornou-se o símbolo dos cristãos!

Bem aventurada és tu,
testemunha da redenção;
a ti rodearam a Virgem, Madalena e João,
a fim de velar ao Cristo a ti atado!

Ó bendito suporte
do corpo chagado do Filho do Homem,
a tua forma traçamos em nossos corpos,
para que seja para nós consolo em nossas dores

Ó árvore fecundada com o sangue precioso,
que  nossos corações sejam
terras igualmente férteis para as tuas sementes!

Diferentemente da remota árvore
que deu o fruto do primeiro pecado e
trouxe a morte ao Homen,
tu só pode dar-nos o fruto da vida plena!

Pedro G. Moreira


domingo, 13 de abril de 2014

Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos abre por excelência a Semana Santa. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava "Rei dos Judeus", "Hosana ao Filho de Davi", "Salve o Messias"... E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder. Começa então uma trama para condenar Jesus à morte e morte de cruz.

O povo o aclama cheio de alegria e esperança, pois Jesus como o profeta de Nazaré da Galiléia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da esc

ravidão política e econômica imposta cruelmente pelos romanos naquela época e, religiosa que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.
Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte. 
Por isso, na celebração do Domingo de Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo. Julgamento injusto com testemunhas compradas e com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, cusparadas, bofetadas, é chicoteado impiedosamente por chicotes romanos que produziam no supliciado, profundos cortes com grande perda de sangue. Só depois de tudo isso que, com palavras é impossível descrever o que Jesus passou por amor a nós, é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.
O Domingo de Ramos pode ser chamado também de "Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor", nele, a liturgia nos relembra e nos convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte. Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, como nos diz São Paulo: '"Jesus Cristo é o Senhor", para a glória de Deus Pai' (Fl 2, 11).

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Não calemos a voz de Jesus que liberta


Amados irmãos e irmãs,

A Igreja, neste tempo quaresmal, nos chama a olharmos a nossa volta e perceber a realidade em que vivemos. Falo aqui do tema proposto pela Campanha da Fraternidade de 2014: Fraternidade e Tráfico Humano com o lema “é para liberdade que Cristo nos libertou” Gl 5,1 .

Sem querer me ater a questões teológicas, deixemos isso para aqueles que o são mais capazes, proponho que abandonemos um pouco a nossa postura natural de autossuficientes e sejamos humildes para reconhecer a nossa inexperiência em relação a este tema tão falado, mas muitas vezes pouco conhecido, afinal, não são apenas fatos fictícios retratados pelas grandes mídias que vão nos apresentar exatamente o que é o tráfico de pessoas.

É preciso estar atento aos crescentes levantamentos que mostram que cerca de 21 milhões de pessoas são vítimas desta chaga social, sendo que 14,2 milhões são forçados a trabalhar em condições desumanas e salários baixíssimos e cerca de 4,5 milhões na exploração sexual. Esses dados são extraídos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que é a agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade.

Vamos exemplos nos noticiários que demonstram algumas das ramificações do tráfico humano, como o caso recente dos 19 peruanos que foram encontrados submetidos a escravidão em uma das tantas confecções da grande São Paulo que, por dívidas e jornadas exaustivas sistemáticas, além da retenção de documentos, eram impedidos de fugas. Apesar disso ,após terem denunciado o caso, um dia depois voltaram atrás depois que tiveram contato com os empregadores. A reportagem ainda diz que não há a certeza se o grupo foi coibido a agir em defesa dos patrões. Fica ao critério da opinião de cada leitor.

Contudo, são inúmeros os casos com relação a este tema, no entanto é preciso conhecer também os motivos pelo qual isso ocorre. Alguns dos fatores apresentados são: miséria, impunidade, ganância, desconcientização, falta de oportunidade, entre outros. Todos esses pontos estão sempre correlacionados com a falta de informação e remetem a uma grande parte da população, por isso a importância da conscientização da cada um de nós.

Os filhos injustiçados desta terra conclamam por liberdade! Resta a cada um de nós sermos agentes no combate a este mal que aflige a milhares de pessoas no mundo todo. Resta a nós sermos cristãos comprometidos com os valores evangélicos na busca autêntica pela libertação de nossos irmãos, mas também para não cairmos nas armadilhas da escravidão. Buscando sempre mais sermos conscientes, ousemos olhar para a realidade que esta a nossa volta, ousemos enxergar os pecados sociais que se encontram em nosso meio, não deixemos a voz do Jesus que liberta silenciar nos nossos corações e nos corações daqueles que mais sofrem.

Michael Luis da Rocha.
Fontes de pesquisa:

Reportagem explicando o tráfico Humano: http://www.youtube.com/watch?v=qGMkUOl7a3s
Documentário CF: http://www.youtube.com/watch?v=3SA54JO4jmA

S. CAETANO SEGUNDO QUEM O CONHECEU

Muito se escreve e se lê sobre a pessoa de Caetano, reformador católico do séc. XVI. Existem diversas biografias sobre ele, porém escritas por pessoas que nem o conheceram, isso não significa que não haja credibilidade em seus trabalhos, pelo contrário, houve historiadores e biógrafos espetaculares do santo, a nível de curiosidade, Caracciolo, Veny, Castaldo¹ entre muitos outros; que souberam reunir de forma cuidadosa dados sobre a vida de Caetano e compilar textos belíssimos.

Os padres das gerações posteriores, preocupados com a dimensão histórica da Ordem teatina, esforçaram-se por reunir material sobre o período da fundação, bem como sobre os primeiros padres. Deste esforço surge também relatos de padres mais velhos que haviam convivido com os primeiros padres, neste caso em particular, com o fundador S. Caetano Thiene.
No final do séc. XVI um padre, já idoso, é designado a escrever 'tudo quanto se lembrasse dos padres antigos', ele se chamava Pe. João Antonio Prato e nos deixou um relato muito aprazível sobre a personalidade de S. Caetano, seu modo de ser e algumas informações. 

A leitura de tal documento histórico é fundamental para se compreender um pouco mais o santo, assim como ter um contato mais de perto com ele.
                                                                                                
Segue-se abaixo um trecho do relato de Antonio Prato, datado em 29 de agosto de 1598:

(...) “Quanto sobre a pessoa do Pe. Caetano, era em todas as suas ações tais, que com as palavras e com a vida, se pode dizer que foi um exemplo de todas as virtudes. era humilíssimo com todos submetendo-se a cada um prontamente, sem perder a sua importância e uma certa prudência, a qual acompanhava todas as suas ações. Se mostrava em todas as ocasiões amante da santa pobreza e vestia-se beatissimamente, muitas vezes fazendo (re)costurar as vestes velhas. Na sua cela não tinha mais que três ou quatro livros, como as morais de S. Gregório, S. Bernardo e qualquer outro livro devoto. No ajudar os enfermos, consolar os aflitos, aconselhar os que necessitavam, em todas as ocorrências, mostrava tanta bondade e caridade para cada um, que se obrigava as almas de todos. Se mostrava singular na obediência, fazendo de bom grado mais a vontade dos outros que a própria:onde devendo partir de Veneza para a prepositura de Nápolis, e, os outros Padres confiando a ele a eleição de um companheiro, não quis nomear nenhum, ao invés disso, voltado ao Crucifixo, rezou ao Senhor que inspirasse nos corações dos Padres a dar-lhe aquele que fosse mais contrário ao seu gosto.” (...)²


Pedro G. Moreira
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1-       Estes são um dos principais biógrafos do santo. É sabido que eles usaram o presente relato como fonte para as suas biografias.
2-       ANDREU, Francisco, Relazione del P. D. Giovanni Antonio Prato, Regnm Dei I (1945), p. 130.