Em toda a teologia católica Maria recebe um humilde lugar de destaque. Parece um antagonismo, mas na realidade, é apenas uma dupla dignidade que ela possui. Foi a ela que o anjo foi enviado, anunciando que no seu ventre o Verbo de Deus encarnaria e a aliança com os homens seria cumprida. Ela, humildemente, dá seu sim à proposta, e hoje os homens têm Jesus Cristo como o salvador. Padre Zezinho, em suas músicas catequéticas, nos mostra claramente o lugar de Maria na economia da salvação: "Não és deusa, não és mais que Deus, mas depois de Jesus o Senhor, neste mundo ninguém foi maior". Aqui se apresenta o motivo por Maria ser considerada humilde, e também por que recebe lugar de destaque na tradição católica.
Temos Maria como o exemplo de disponibilidade ao Pai e exemplo de seguimento de Cristo. Nas Bodas de Caná, presente na belíssima passagem do livro de
João, quando recorrem a ela para solucionar o problema que passavam, ela não hesitou
em recorrer a seu filho, e também não hesitou em orientar o que deveria ser
feito: "faça tudo o que ele vos disser". Assim, Maria não
é aquela que deve nortear nosso seguimento como cristão - este posto pertence
ao próprio Cristo -, mas sim, aquela que nos orienta ao que fazer como tal: a
vontade de seu filho. E Caetano soube realizar isso belamente com a ajuda de
suas duas mães, a terrena e a celeste.
Filho de uma família muito religiosa, os Thiene eram reconhecidos por
serem homens devotos aos ensinamentos da Igreja e de possuírem uma boa moral. Seu pai, conde Gaspar, morre quando Caetano tinha apenas dois anos, em
1482, defendendo as terras pontifícias. Sua educação religiosa e acadêmica fica
sob a responsabilidade de sua mãe, condessa Maria Porto, vinda de uma família
com a mesma dignidade que seu pai. Em tenra idade ela consagra seu filho a
Maria e neste ato de devoção pede o constante auxílio dela para a vida que
Caetano deveria ter.
Este ato de amor dessa mãe nos faz refletir sobre a nossa sociedade:
como está se desenvolvendo a relação entre os pais e filhos? Está havendo
reciprocidade nas demonstrações de amor entre eles? O fato de Caetano receber
de sua mãe a instrução humana e religiosa, ajudou-o a definir qual seria o seu
futuro. O amor demonstrado pela mãe deu a Caetano a capacidade de se
desenvolver enquanto homem e não matar Cristo em suas ações como adulto. A
família é o berço de toda uma sociedade. É lá que os primeiros ensinamentos são
dados àqueles que um dia passarão a ter voz ativa como agente social, sendo até
capacitado, segundo a vontade do Pai, de ser instrumento de renovação como foi
são Caetano.
Hoje se percebe a cultura da indiferença, em que se busca apenas pelas
obrigações e objetividades de forma mecânica, mas não se dá a devida atenção às
nuances existenciais do homem. E que lugar mais brilhante para se reconhecer,
valorizar e aprofundar essas nuances do que na família! Abraços em demonstração
de carinho e agradecimento. Risadas como forma de exteriorizar o reconhecimento
de um ato bom. E até lágrimas como vazão a sentimentos impossíveis de conter.
Tudo isto faz o homem ser homem enquanto homem, não a preocupação exacerbada
com o trabalho ou a quantidade de curtidas no Facebook...
Filhos bem instruídos religiosamente pelos pais podem ser os novos instrumentos
de renovação de Deus. E nada melhor do que contar com o auxilio daquela que
melhor soube ser instrumento de Deus: Maria. Por isto, pais e mães instruam
seus filhos em sua fé! Demonstrem o amor a eles! E assim como a mãe de São
Caetano, peçam a intercessão de Nossa Senhora por aqueles que podem fazer a
diferença.
Que São Caetano, tão bem instruído pela sua mãe, e tão bem auxiliado por Maria, recorra por nós para melhor correspondermos a vontade de Cristo! /\
Franklin Cordeiro, seminarista teatino
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