Certamente não são os tempos que mudaram, isso é
consequência, de uma mudança do Homem; que se vê um tanto quanto desconfigurado
de si mesmo em relação a atualidade. Esta perda de identidade humana, afeta
claramente as estruturas básicas da sociedade e cultura, ambas derivadas do ser
humano.
Vive-se nos dias atuais uma cultura de medo do outro, do toque e do afeto. As pessoas vivem juntas sem conviver. Isso delata um processo da sociedade que engendra modelos de relações contraditórios. Pois busca-se um modo de ‘relacionar-se o quanto menos possível’.
Nos grandes centros populacionais este fenômeno do relacionamento parco é evidente, haja vista os seres que já não se encontram mais, somente esbarram-se ocasionalmente. Não percebem um ‘igual’ ao seu redor. Isto gera outro fenômeno que é a ‘invisibilidade social’, neste ponto, exemplificado pelos marginalizados, que passam despercebidos. Esta invisibilidade é resultante de uma cegueira social generalizada.
A sociedade tende cada vez mais a trair seu objetivo
essencial e a de induzir os seres humanos a tornarem-se ‘ovos em uma bandeja’,
onde ficam agrupados, organizados, porém separados. Os ovos não se tocam, não
se encontram e portanto não se relacionam, apenas coexistem. Cria-se um
indivíduo trancado em si, isto é, cativo de ‘um processo de individuação’.
Pedro G. Moreira
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