Dos muitos temas que podemos aprender da vida de São Caetano, hoje analisaremos dois em especial: sua confiança na Providencia e a sua defesa e promoção humana aos pobres. Já foi falado que a confiança na Divina Providencia, radicalizando-a em um carisma de Ordem, foi a resposta encontrada por Caetano contra os vícios luxuosos do clero de sua época. O fato dos fundadores (Caetano de Thiene, Pedro Caraffa, Bonnifácio di Colli e Paulo Consigliere) responderem ao papa, no dia de inauguração de sua empreitada - 14 de setembro de 1524, solenidade da Exaltação da Santa Cruz -, que viveriam conforme a vontade de Deus expressa em sua Providencia, revela que não desejavam correr o risco da corrupção presente no dinheiro, e que a fé na ação de Deus, por meio de nós, os supriria.
Caetano usa por base uma passagem em especial do Evangelho segundo Mateus que orienta todo o carisma e a espiritualidade da Ordem:
"Por isso eu lhes digo: não se preocupem com a vida de vocês em relação ao que vão comer e beber; nem com o corpo de vocês, em relação ao que vão vestir. Acaso a vida não vale mais que a comida, e o corpo mais que a roupa? Observem as aves do céu, que não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros, e o Pai de vocês que está nos céus as alimenta. Por acaso vocês não valem mais que elas? Quem de vocês, com suas preocupações, consegue prolongar a própria vida um pouco que seja? E quanto à roupa, por que vocês se preocupam tanto? Aprendam com os lírios no campo, como crescem, eles que não trabalham nem fiam. E eu digo a vocês, que Salomão, com toda a sua majestade, nunca se vestiu como um deles. E se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é jogada no fogo, não fará muito mais por vocês, tão fracos na fé? Portanto, não vivam preocupados, dizendo: 'O que vamos comer? O que vamos beber? Com que nos vestiremos? Porque são os gentios que se preocupam com todas essas coisas. O Pai de vocês que está nos céus sabe que vocês precisam de tudo isso. Busquem primeiro o Reino de Deus e a sua justiçam e todas essas coisas ficarão garantidas" - 6, 25-33.
É um grande texto, que merece ser lido e relido. É nesta passagem que Jesus nos ensina a confiarmos na Divina Providencia e deixarmos que Deus nos encaminhe e as nossas necessidades sejam supridas. Lembremos que nesta passagem Jesus não nos diz a sermos inertes em nossas ações, esperando que o que precisamos venha sem esforço, mas sim, nos ensina não nos preocuparmos de modo exacerbado com responsabilidades que não são nossas em primeiro lugar, mas sim, daquele a quem chamamos de Pai. Se Ele dá de alimento às aves do céu, e faz crescer os lírios no campo, não fará muito mais por nós, seus filhos e ironizados por nossa fraqueza de fé? Esta passagem visa que vivamos a cada dia com as nossas obrigações, sem que as do futuro nos tire o sono do presente. No final, algo que não deve ser tirado de nós, é a busca constante pelo Reino de Deus, onde a justiça imperará.
É então que o segundo tema da vida de são Caetano se encaixa. O Reino de Deus não é apenas aquele lugar angelical que pela piedade chamamos de paraíso, mas sim que este deve iniciar-se aqui. Deveremos possuir asas e cantarmos Santo, Santo, Santo eternamente? Não, ainda não... Neste mundo, o Reino de Deus se faz quando a cada dia buscamos que haja igualdade entre todos os seres humanos. Quando saímos de nosso individualismo e buscamos o bem comum e a saúde da casa comum: a Terra. É quando uma comunidade simples e de periferia consegue conquistar seu povo na vivencia de sua fé, uma fé consciente e não fora da realidade onde os pés pisam. É quando a mão é dada àqueles que estão caídos fora da sociedade e, mesmo não merecendo em nossos juízos, os ajudamos a se reerguerem e serem autônomos.
Assim que São Caetano conseguiu ser o advogado dos pobres, tendo como leis a Bíblia e como inspiração o Reino de Deus. Foi nesta lógica que ele criou o Hospital dos Incuráveis que procurava dar morte digna àqueles encontravam-se no lusco-fusco da vida. Neste quinto dia da novena, aonde já chegamos ao seu meio, devemos refletir se nos abrimos à Providência e o nosso andar dirige-se ao Reino de Deus.
Que Caetano de Thiene, santo da Providência, junto com Maria de Nazaré, mãe da Pureza, roguem a Deus por todos aqueles que permitem que Ele os conduza, e que isto seja pela edificação do Reino de Deus. Amém /\
Franklin Cordeiro, seminarista teatino
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