domingo, 14 de setembro de 2014

FUNDAÇÃO DOS CLÉRIGOS REGULARES, VULGO TEATINOS


Pedro G. Moreira

“... emitir os três votos essenciais de pobreza, castidade e obediência, estabelecer juntos vida clerical, com o hábito comum do clero, viver em comum e do comum, dedicando-vos humilde e devotamente ao serviço de Deus...”[1]

 O Projeto Teatino, que foi concebido por S. Caetano Thiene e acolhido pelos seus companheiros, João Pedro Carafa (Papa Paulo IV), Bolifácio de’ Collli e Paulo Consiglieri, ganhou vida, isto é, fundou-se naquele 14 de Setembro de 1524, como é sabido, no dia da Exaltação da Santa Cruz.

 De acordo com o Pe. Antonio Prato, que ouviu da boca de S. Caetano como tudo começou: “ [...] Fazia tempo que lhe ocorria ao pensamento de reunir-se com outros em vida claustral e regular, à maneira de ordem religiosa, mas de sacerdotes, coisa que não existia naquele tempo” [ANDREU apud OLIVER]. De fato, Caetano e Carafa sonhavam apenas em viver juntos, santificando-se no serviço do próximo, na pobreza, para assim servir de exemplo aos demais padres da época. É mister ressaltar, que a época em que se situa é a mesma, da de Lutero, que também buscou a reforma – guardadas as devidas proporções – como o Santo Fundador quis.

 “Neste ano de 1524, no dia catorze de Setembro no qual se celebra na Santa Igreja a Exaltação da Cruz, dia tão aspirado por Caetano, [...], ele se une com seus colegas, e se dispõe a consagrar-se a Deus professando os votos solenes na nova Religião[2]” [MAGENIS, MDCCLXXVL, p. 73]. O Projeto ganha vida com a profissão dos votos solenemente na basílica de S. Pedro.

 O dia, bem como o local escolhido para a fundação, não foram, de modo algum, frutos do acaso, pelo contrário, tendo estes uma grande significação. Corriam em Roma frases como esta: “É necessário reformar a cabeça e depois o corpo”, isto quer dizer que a reforma, tão almejada, deveria acontecer de dentro pra fora da Igreja, desde seus ‘pastores até as ovelhas’.  Caetano deveria acreditar nisto, visto que escolhe professar os votos, fundando assim a Ordem, em cima da Pedra Basilar da Igreja, S. Pedro e a ele dirigem os votos, ele que é “o primeiro chefe, pai e protetor da mesma religião” [Idem, p. 75].

 A Ordem não é apenas produto de uma época, mas da Providência de Deus, que a quis por seu instrumento de renovação.



REFERÊNCIAS

OLIVER, Antonio. Os teatinos: seu carisma, sua história, sua identidade. 
MAGENIS, Caetano M. Vita di S. Gaetano Tiene: patriarca de' Cherici Regolari. Veneza, 1771.





[1] Breve de Aprovação Exponi Nobis, do Papa Clemente VII, redigido por Tiago Sadoleto e emitido no dia 24 de Junho de 1524, no dia de S. João. Texto basilar para a vida teatina; é uma síntese do escopo da mesma.
[2] Este termo também era designado para se referir à uma Congregação, Instituto, Ordem ou Companhia.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

MEU BARCO...

Exiba barco.jpg na apresentação de slides


“... “Quem é esse homem que até o vento e o mar obedecem.”
(Matheus 8, 27)
Amados, hoje a palavra que vamos refletir é do evangelho narrado segundo Matheus 8, 23-27.  A cena narrada neste evangelho todos nós conhecemos, o discípulos que se desesperam na agitação do mar, com o medo do barco onde estão naufragar. Jesus os desafia em saber até onde vai à fé deles, qual o limite de sua coragem, até que realmente eles reconhecem que Jesus é o que Filhos de Deus providente que acalma os ventos e o mar o obedecem.
Os discípulos ali no desespero em não quererem morrer afogados e também com o medo daquelas ondas fortes, procuram alguém capaz de ajuda-los, e os salvar. Vão até Jesus.  Pois, ali sem terem noção a sua fé estava sendo provada. Jesus os desafia ”Por que vocês tem medo, homens de pouca fé”26A partir daqui entramos no grande embate de ver até aonde cremos. Até onde me permito enxergar um Deus haja em minhas necessidades? Até onde sou capaz de contemplar Jesus nos desafios que surgem em minha vida?  Como está o meu barco?
Pois é amigos, Deus nos surpreende em diversas circunstancias, às vezes esquecemos que Ele está sempre conosco,  por mais que pensemos que Ele esqueceu de nós, ou não nos ama mais, porém, ele sempre está no mesmo barco que o nosso, nos ajudando, nos provando, e acalmando os ventos que nos querem derrubar. Até onde vai a sua fé?  Em quem você crer? O que sua fé te leva a fazer em favor do outro?
Contudo, naquele momento de medo e apavoramento, a cena narrada se atualiza para o nosso cotidiano, entramos no barco com Jesus, vem às agitações que a vida nos apresenta, os medos nos cercam, o barco ameaça afundar, e neste momento a nossa fé é testada, até onde cremos.  E no silêncio de nossa oração vemos que precisamos crer mais, acreditar mais em Deus, e mostrar que somos pessoas de fé, que acredita no Deus providente que acalma os mares e tempestades em nossas vidas. Creiamos mais, demonstremos a nossa fé em favor aos mais necessitados de amor, carinho e atenção. Pois só assim iremos descobrir até aonde vai a nossa fé.



 Christian Macedo 

quinta-feira, 31 de julho de 2014



O lema sacerdotal que Caetano escolheu para nortear sua vida sacerdotal foi :" Liguei minha vida à cruz de Cristo".
Que isto significa? Que agora ele é partícipe da cruz que Cristo carregou, tem a ver com a espiritualidade da cruz desnuda, sem o Cristo, que é para o teatino por-se no lugar.

Ó Deus, ajudai-me a ligar 
minha vida à cruz de Seu Filho Amado 
que se entregou por mi!
Amém"

quarta-feira, 30 de julho de 2014



O que pode orientar a vida de quem quer alcançar a Vida Eterna? Com certeza o amor e não outro senão o de Deus. Ele é a única regra por excelência que Jesus nos deixa.

Ó Senhor, ajudai-nos a seguir 
os teus caminhos dispensando e testemunhando 
todo o amor com qual nos ama imensamente. 
Ensinai-nos a mar aqueles que mais precisam. 
Amém!


Uma das coisas que  S. Caetano buscou foi a proximidade e a amizade de Divina, queria alcançar a perfeição, não por capricho, mas sim para estar cada vez mais em união com o Criador. Renunciou a si mesmo o quanto pode para despojar-se de tudo aquilo que o atrapalhava a subir até ao Pai.
Sabemos que não é algo fácil de se por em prática. Sempre usaremos o discurso do amor próprio para justificar as permanência de nossos defeitos, pecados e mazelas.

Ó Deus, ajudai-me assim como S. Caetano 
a despojar-me de mim mesmo 
e com isso desfazer-me de meus pecados e 
defeitos, rumo à uma vida de santidade sincera. 
Amém!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

ASSEMBLEIA DE CHAMADOS E DE CONVOCADOS PARA SER FELIZ!



Vivemos em tempos que certamente serão lembrados como marcantes e decisivos para muitas pessoas. Por graça do Espírito Santo temos à frente da Igreja Católica Apostólica Romana a pessoa do Papa Francisco, homem de fé e propagador da alegria evangélica encontrada não apenas em suas palavras, mas antes em seu testemunho de vida.
            O Papa Francisco nos escreveu no ano passado sua exortação apostólica ‘Evangelli Gaudium’ – A alegria do Evangelho – alegria que brota de um encontro pessoal com Jesus Cristo Ressuscitado, alegria que move a vida de todos. Se se encontra uma pessoa dentro da Igreja com cara de vinagre azedo, como nos diz o Papa, é porque não se encontrou de fato com Jesus.
            Nestes últimos meses o Papa encontrou-se com seminaristas, religiosos e religiosas, para uma motivação em vista desta Alegria evangélica, encontro este que nos rendeu uma carta circular intitulada ‘Alegrai-vos’. Com o Papa Francisco aprendemos, pois, a testemunhar antes de qualquer palavra, como outrora ensinou-nos São Francisco. A vida de toda pessoa, e agora, de um modo mais direto, a vida do religioso consagrado, deve resplandecer em alegria, afinal todo religioso chegou a este estado de vida, impulsionado por um encontro com o Senhor Jesus que, assim como o fez com os doze, chamou-os ao seguimento. A vocação nasce então de um chamado, chamado que é feito pessoalmente, chamado que se é sentido no coração, logo então é prerrogativa mais do que eficaz para a alegria, quer-se melhor encontro com o Senhor?
            Ao longo da vida o consagrado deve sempre lembrar-se deste primeiro encontro com o Senhor, afinal é dele que surge toda a história de uma vida, é nele que se fundamente o abandono de um caminho para o seguimento de outro. Caminho que só se caminha firmando-se na escuta da Voz do Mestre que diz ‘Tú és importante para mim, eu amo-te, conto contigo’ (Alegrai-vos -  pag. 15). Caminho este que se percorre com alegria, o Senhor olhou para nossa humildade, retirou-nos das trevas e nos chamou a sua luz maravilhosa, que alegria!
            Todo chamamento é exigente e quanto mais o é o chamado de Cristo que diz, deixa tudo e segue-Me. Neste deixar fica também o nosso querer, o nosso satisfazer-se, o nosso bem estar, a nossa comodidade.  O convite do Senhor sempre foi e continua o sendo para o serviço. O Senhor não nos tira daqui para acomodar-nos ali, numa casa paroquial confortável, com um carro veloz, alguns empregados sempre disponíveis à nossa vontade, com um salário inchado para nossos negócios, pelo contrário, e de um modo exclusivo, Ele nos chama para o serviço, para o discipulado, para encontrar na carne sofrida do pobre a sua imagem Sagrada.
            Durante a vida, o consagrado deve viver a continua preocupação de não deixar-se levar pela cultura do materialismo e do descartável, onde até mesmo as vidas humanas são inseridas, e o homem e a mulher tornam-se desprezíveis, mas viver sempre com a inquietude exigente do Senhor ‘vida em abundancia’, vivendo como Ele viveu adotando suas atitudes, deixando-se invadir pelo seu Espírito, assimilando a sua lógica, compartilhando de seus riscos e de suas esperanças, indo sempre para o intrépido destino, a cruz. Caminhando com a cruz, pela cruz, para a cruz, este é o destino do consagrado, aquele que foge da cruz torna-se mundano, torna-se um padre, um bispo, um papa, um cardeal, mas nunca um discípulo do Senhor.
            O convite para a caminhada ao seu lado acontece uma vez, mas deve ser rememorado sempre, afinal se assim não o for, podemos cair no esquecimento e, vendo-nos sozinhos, agarrarmo-nos no pecado, na tristeza, no vazio interior, no isolamento, no consumismo desenfreado pelas novas e avançadas tecnologias, daremos trabalho para os consultórios. E, rememorado o primeiro convite, o chamado une-se mais uma vez àquele de quem procedeu outrora a voz remetente, e de novo a ouve, quando reza, quando coloca-se em uma oração de escuta frente ao turbilhão de compromissos urgentes e pesados que exigem a nossa rotina e que nos afastam cada vez mais para as periferias existenciais.
            Como missão primeira da caminhada o chamado encontra o anuncio da misericórdia do Senhor, urgente de ser vivenciada pelas pessoas, embrutecidas pela correria do dia a dia e pela superficialidade das relações. Deus ama a todos, age com misericórdia para com todos.  A mão estendida em nossa direção é para reergue-nos apenas. É o rosto do Deus conforto, coragem, esperança, amor, alegria, paz, paciência, que o consagrado apresenta estampado em sua face. O consagrado torna-se luz na vida dos fiéis, torna-se facilitador da Graça, torna-se pai de um rebanho.
            Ordenando a Pedro, Jesus aponta o outro lado da barca para serem jogadas as redes, nossa missão é ir para o outro lado, se todos caminham para lá, corramos sem demora para cá, temos que ir contra a correnteza, permeada do eficientismo  e do descartável. Nadando para longe da ideia da vida consagrada ser um refúgio para fracos e medrosos, mas mostrando a força que nos vem do Senhor através da alegria que resplandece a cada braçada.
            Somente a partir do momento em que o consagrado demonstrar uma vida plena da alegria do encontro com o Senhor, vivendo inteiramente para o serviço, carregando a cruz nas costas e um largo sorriso no coração e no rosto, e o principal, sem dizer uma palavra sequer, aí então tornar-se-ão chamarizes para o mundo, referenciais para a sociedade, atraidores de seguimento.
            Somos chamados então, consagrados ao Senhor, a sairmos alegres em direção as periferias geográficas, urbanas e existenciais, dirigindo-nos à carne pobre e sofrida de Cristo, para, sem tréguas, procurarmos sempre o bem do próximo, saindo de dentro de nossos ‘laboratórios apostólicos’ caminhando rumo ao encontro, abrindo as portas, construindo pontes, levando a ‘vida em plenitude’ para todos.
            Alegrai-vos!

            Sem. João Victor dos Santos Silva

*Texto produzido com base na “Carta circular aos consagrados e as consagradas” do Papa Francisco.

              

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O SILÊNCIO DE DEUS


No princípio a relação do Homem, criatura, com o Deus, seu Criador era de intimidade profunda. O ser humano tinha de diante de si a presença do Senhor, sua figura, sua face. O contato constante o fazia lembrar-se de sua condição de criado,e, portanto, via-se entregue nas mãos de um Ser superior a ele, sob seus cuidados e proteção.

Nestas circunstâncias, o homem não poderia sentir-se isolado e menos ainda abandonado. Esta relação entre Deus e o Humano é interrompida pelo pecado, desobediência dos primeiros, e há uma “quebra de relações”, ao menos imediata. Isto é, não mais se encontram cordialmente. A partir deste momento, se o homem quiser colocar-se em contato com o Criador, utilizar-se-á de artifícios humanos, que pretendem elevar-se até o céu: sacrifícios, oblações, ofertas etc.

O ser humano, com o curso da História, vê-se apartado daquele que o Criou e percebe a fragilidade da forma que encontrou para religar-se com o Divino, isto é, a religião. Mesmo com esse meio ele sente-se distante, rejeitado e abandonado por Deus; como se lê no salmo: “Até quando, ó Senhor, me esquecereis? Até quando escondereis a vossa face? (Sl 12, 2)”.

Este ‘distanciamento’ de Deus é tido também como seu ‘silêncio’, uma falta de resposta às angústias humanas, se comprova isso com o que diz o salmista: “Ó meu Deus, clamo de dia e não me ouvis, clamo de noite e para mim não há resposta (Sl 21, 2-3).” A falta de resposta por parte de Deus é para o ser humano inquietante, provocativa e, às vezes, causa de revolta.

É como se o esforço que o humano tem para reestabelecer o contato com o Divino fosse inútil, ineficaz. Ele questiona-se sobre a razão do silêncio de Deus. Porém, se esquece de que da outra parte há também o desejo de reestabelecer relações. Deus, por sua vez, almeja e quer religar-se ao humano. E o faz, enviando seu Verbo Divino a terra para anunciar-lhes a Boa Notícia. Este Verbo, o Cristo Jesus, é a própria Palavra de Deus, inclusive sua face revelada; enfim chega ao mundo sua resposta ao Homem. Essa resposta que tanto se esperou.

Todavia, mesmo com a vinda de Cristo, enquanto Palavra e, portanto, Resposta Divina, o silêncio de Deus permanece inquietando o Homem. O que pode significar o silêncio de Deus nestes tempos? O Papa Emérito Bento XVI, certa vez, em resposta à pergunta de uma jovem que o indagava sobre presença de Deus em meio ao silêncio, disse que mesmo a Beata Madre Tereza de Calcutá "com toda a sua caridade, a sua força de fé, sofria com o silêncio de Deus". Isto revela que o silêncio divino acontece mesmo com aqueles que buscam estar mais constante e perfeitamente em sua companhia. Posto que, muitos místicos e santos da Igreja passaram por experiências similares, sem mencionar João da Cruz, Tereza D’Ávila entre muitos outros. Deste modo, conclui-se que o silêncio não é, de maneira alguma, uma espécie de castigo, punição e até mesmo indiferença, pelo contrário, é uma experiência que se vive nesta caminhada rumo ao Eterno. O silêncio é também uma resposta de Deus, uma resposta quieta, discreta, porém fértil; onde se degusta o convívio silencioso do Criador, que ama infinitamente.

PEDRO G. MOREIRA

quarta-feira, 28 de maio de 2014

"Deste modo o amor de Deus está acima do monte da perfeição; todos os esforços devem ser endereçados a alcançar este cume onde reside o mesmo Deus, porque Ele é caridade e quem vive na caridade, vive em Deus e Deus nele."

Bartolomeo Mas

segunda-feira, 26 de maio de 2014

"A espiritualidade teatina, derivação e flor da semente do Oratório do Divino Amor, não tem outro fim que plantar e radicar nos corações o amor de Deus."
                                                                                                  (Bartolomeo Mas)


A ESPIRITUALIDADE TEATINA



XI

A PERFEIÇÃO: A CARIDADE


A espiritualidade teatina, derivação e flor da semente do Oratório do Divino Amor, não tem outro fim que plantar e radicar nos corações o amor de Deus.
Todo aquele duro trabalho de renegação, de luta constante contra si mesmo, de pobreza absoluta e de separação total, mira só a desbravar o terreno, a eliminar os obstáculos e a render o coração sempre mais liberto e capaz do Amor Divino. Trabalho interior, portanto, não é um trabalho negativo, mas ao invés disso é eminentemente positivo, dado que à medida que a alma se liberta dos afetos terrenos, se apropria o amor divino, sendo assim um trabalho de duplo efeito: separação de si mesmo e união com Deus.
Toda a ascese teatina, então, está ao serviço da virtude rainha; a caridade, e tende a conseguir a perfeição. Um precioso documento espiritual fará melhor compreender e provar o nosso acerto. É o Pe. Bonifácio dei Colli, que em 1527 escreve ao Bispo de Verona G. M. Giberti sobre o modus vivendi dos primeiros Teatinos: “ Compreenderá, sobretudo, o que é mais importante e, por exclusão, o que é mais útil, ou seja, a força dos votos, e o objetivo a que se propuseram aqueles que emitiram os votos, pelo que nos reunimos em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo – a Caridade. Aprenderá, através da experiência diária, a palavra do Senhor, e sua eficácia quando diz: “Aquele que desejar vir atrás de Mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me,” entretanto pela porta estreita, percorrendo o caminho do pranto e da penitência, até atingir a meta da mais perfeita Caridade. Porque toda renúncia é inútil, para aqueles que deixaram o mundo, se não tratarem com o máximo empenho de dominar a concupiscência e de atingir a Caridade. Esta só pode ser conservada, no dizer de Santo Agostinho, quando alimentada pelas obras, pelas palavras e pelos semblante. E nós acrescentamos, quando à caridade se ajustam os votos, a profissão, toda Congregação. Faltar à Caridade é tão grave, entre nós, como revoltar-se contra Deus, pois sabemos que ela foi de tal modo recomendada por Jesus Cristo aos Apóstolos que, onde falta a caridade, falta tudo e , possuindo a caridade, possui-se todas as coisas”.
A caridade deve consequentemente permear toda a vida; essa transforma toda atividade humana, sem essa também os maiores sacrifícios são sobrenaturalmente vãos, ao passo que essa autentica a eternidade também os mínimos esforços na via do bem.
É esta a doutrina do divino amor, a qual ocupa, como é conhecido, um posto preeminente na espiritualidade italiana do século XVI. O amor divino inspirava as geniais iniciativas na alma de Caetano como o inflamavam os sentimentos. Na sua carta a L. Mignani o argumento do amor de Deus e do fogo divino recorre a cada passo, e ele pede que reze para que a sua alma seja uma chama ardente de caridade.
Esta divina caridade tanto mais encheu o coração de Caetano quanto esse era afastado de qualquer afeto terreno (...)
Caridade que ele recomenda às filhas espirituais do mosteiro da Sapiência, desejando ardentemente que todas “sejam vestidas em carne e espírito da perfeita e eterna só da virtude da santa caridade, a qual é filha e mãe da santa voluntária obediência; aquela vos recomendo senão à morte, naquele estado, naquela caminhada e não duvideis que vos conduzirá ao porto de salvação”.; é pela falta de sólido fundamento da caridade que tantos homens ilustres se afundam na heresia (...)
Só o fervor da caridade liberta a alma da tibieza espiritual, que o Thiene chama “abominável pecado do torpor, o qual faz com que a alma se contente de não estar em pecado mortal”.
Este divino amor não deve consistir em um mero sentimentalismo, mas deve unir de tal modo a vontade humana coma divina, que só esta se submeta em tudo, porque o amor tende sempre à união das pessoas amadas. S. Caetano quer servir o Senhor por puro amor e não pelo temor da morte próxima ou por outro próprio interesse.
Combate Espiritual no primeiro capítulo, precisando a essência da perfeição na vida cristã, aponta o amor de Deus como o apogeu da santidade.
A divina caridade é, além disso, aquilo que se pretende conquistar na luta interior contra si mesmo e contra as paixões. Daqueles que aspiram à perfeição se exige a prática do puro amor. Scupoli concilia vivamente a pureza de intenção, que faz tudo com o objetivo de agradar unicamente a Deus.
(...)

Deste modo o amor de Deus está acima do monte da perfeição; todos os esforços devem ser endereçados a alcançar este cume onde reside o mesmo Deus, porque Ele é caridade e quem vive na caridade, vive em Deus e Deus nele.

                                                                                                                         BARTOLOMEO MAS

Tradução Pedro G. Moreira

O PENSAMENTO, QUE NOS FAZ PENSAR



Diante da maior graça que o homem possui é a capacidade intelectual de compreender sua existência e a existência dos fenômenos que nos cercam. E isso nos diferencia de qualquer outro animal, à racionalidade. Porém o que é este poder de pensar, num mundo onde o pensamento passa a ser desqualificado diante da evolução cientifica e tecnológica?
O pensamento é algo real, concreto, absoluto, necessário. Mas este processo pensar, nos leva a compreender nosso modo de ser e pensar. Mas pensar o que? Como pensar? Como utilizar deste poder “pensar” onde não mais se pensa?
Somos completamente assíduos do nosso mundo intelectual e midiático. Mas, tudo está tornando-se tão secundário, inclusive pensar. Afinal, tudo o que leva a um esforço de raciocínio lógico, torna-se complexo e limitado. As investigações desse processo requerem cuidados, e reflexões para se chegar a uma determinada conclusão.
É o mesmo que discutir sobre a verdade, onde ela é absoluta, real, e indiscutível. Porém, sua análise é saber quem possui a verdade, e não a verdade por si mesma.
Existem muitas teorias, hipóteses, e reflexões sobre o pensamento e que ficaríamos cerca de horas e horas discutindo para chegarmos a um consenso sobre o próprio processo pensar. Até porque, este exige a maturidade de compreender a realidade dos fatos por si, e em si mesmo.
Seria bom se todos tivessem a necessidade de pensar sobre a vida, sobre os fatos, de forma que nos levasse a compreender o outro, e a nós mesmos. Mas nossos pensamentos muitas vezes nos tornam cegos e anacrônicos, sem a menor possibilidade de reviver a verdadeira essência do processo do saber, que nos levaria a uma humanização diante da realidade cultural que estamos inseridos.
O homem que pensa, é o homem que possui conhecimento, levando-o a agir de forma consciente e humanizadora. Porém o homem que não utiliza deste processo, fica a margem de todas as reflexões mais ambíguas, preconceituosas, e unilaterais.
Portanto, quando buscamos compreender a existência de forma pensante, e caminhantes para a vida, diante de todos os obstáculos que as possuem, mas com total sabedoria, nos tornamos seres humanos mais íntegros, completos, e realizados. Afinal, o que nos faz compreender e resolver nossos complexos, e problemas é a única potencialidade existente no homem; o pensar no que o pensamento nos causa a pensar, de forma pensante.


Ricardo Victor

MARIA SERVA DO SENHOR


“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim, segundo a tua Palavra.”(Lc 1,38)
Deste de o inicio do cristianismo, a Mãe de Jesus gozou de um especial carinho daqueles que ouviam a Boa Nova da salvação e se disponham a segui-lo. Ela fazia-se presente com a comunidade nascente, como podemos constatar nos escritos do livro de Atos: “todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.” Dela, com certeza, ouviam admirados as maravilhas que o Senhor havia realizado em tão pequena criatura (Lc 1,49) e como acompanhou com suas orações de mãe Aquele cuja vida seria entregue para que todos tivéssemos vida em plenitude (Jo 10,10).
À Maria Santíssima poderíamos aplicar o trecho de Eclesiástico 24,24-25: “Sou a mãe do puro amor, do temor a Deus, da ciência e da santa esperança, em mim se acha toda graça do caminho da verdade, em mim toda esperança da vida e da virtude.” Ou ainda poderíamos aplicar a Ela outro trecho, agora do livro dos Provérbios 31,28: “seus filhos se levantam para proclamá-la bem-aventurada e seu marido para elogiá-la.” Ainda a ela, bem se diz ao afirmar como no livro do Cântico dos cânticos 2,2: “como o lírio entre os espinhos, assim é a minha amada entre as jovens;” ou 6,10: “ao vê-la as donzelas proclamam-na bem-aventurada, rainhas e concubinas a louvam. Quem é esta que surge como a aurora, bela como a lua brilhante como o sol, temível como um exercito em ordem de batalha?”.
A piedade popular e a tradição, sempre conseguiu ver na Sagrada Escritura, os sinais maravilhosos de uma mulher, que embora sendo a mãe do Salvador esperado pelas nações, quis se manter uma humilde serva do Senhor! Saindo às presas para a casa de sua prima para servi-la (Lc 1,39), ou ainda quando nas bodas de Caná, pede, mesmo diante de uma resposta ríspida de seu Filho para que os serventes fizessem tudo o que Ele dissesse (Jo 2,5), mas é neste trecho do Evangelho de Mateus 3,35 que nós podemos constatar que Maria foi aquela que bem soube pôr em prática a vontade de Deus, pois sempre soube acolher e medita-la em seu coração (Lc 2,51) fazendo-se assim, mais familiar de Jesus pelo espírito de seguimento de Deus do que pelos laços de sangue.
Mas, poderíamos nos perguntar: no que consistiria ser devoto de Maria, mãe de Jesus? A resposta, quem nos dá, ora é seu próprio filho, ora é o Espírito Santo pelos escritos do Novo Testamento, ora ela mesma, com seus gestos: confiança e entrega total ao projeto de Deus (Lc 1,38), recolher-se em silêncio e meditar aquilo que não compreendemos (Lc 2,51), sabermos que é Jesus quem deve realizar a obra em nós (Jo,2,5), ouvir atentamente e saber por em pratica a palavra do Senhor (Lc 8,21), estar de pé diante das dificuldades e sofrimentos apoiados em Deus (Jo 19,25), perseverar na oração em comunidade atentos ao Espírito Santo (At 1,14), fé robusta e alicerçada em Jesus (Rm 5,1), esperança na ressurreição (Rm 6,5), consciência da santidade de seu corpo que é templo do Espírito Santo (1Cor 6,19), a pratica da caridade (1Cor 13,13), livre em Cristo para amar (Gl 5,1), viver no mundo sempre com os olhos fitos no alto (Cl 3,1)...

Se fossemos escrever todas as virtudes praticadas por Maria Santíssima, ficaríamos por muito tempo ainda, encerro esta meditação com uma exortação, a qual primeiramente eu devo ser o primeiro a ouvir e esforçar-me por praticar: “todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus; e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado. Nisto conhecemos se amamos os filhos de Deus, que guardemos os seus mandamentos.”(1Jo 5,1-2) Assim espero que saibamos que Ela foi modelo dos seguidores de Jesus e foi por sua fé no seu Filho que hoje a aclamamos como bem-aventurada (Lc 1,48). “Isto vos escrevi para que saibais que tendes a vida eterna, vós que credes no nome do Filho de Deus.” (1Jo 5,13).

João Amaro

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Ver pra crer


Certo dia, voltando da faculdade, deparei-me com uma cena que me chamou a atenção e me pôs a refletir durante algum tempo, a ponto de elaborar este texto a cerca das mudanças de hábito em relação as necessidades.

A situação foi a seguinte: Ao trafegar pela marginal tiete, um carro que trafegava próximo ao veículo em que estava se encontrava todo coberto de pó e fuligem, como é muito comum quando alguém demora a levar para um “lava rápido” ou limpar em casa o seu carro. Nesse caso, como também ocorre com frequência, não faltou àquela famosa frase que engraçadinhos costumam escrever nos vidros de um veículo neste estado. “Lave-me”, “me lave por favor”, “necessito de um banho”, entre outros. Bom, todos sabem que a cidade de São Paulo, assim como cidades vizinhas, encontra-se em uma situação um tanto quanto complicada em relação ao abastecimento de água, por conta da pouca reserva do sistema da Cantareira. A situação esta cada vez mais difícil, fazendo com que os órgãos competentes comecem a realizar campanhas de incentivos a economia nos gastos com a água que utilizamos no dia-a-dia. A frase que vi não me chamaria tanto à atenção se não viesse com um complemento muito peculiar. Ao invés de apenas “Me lave” ela veio exatamente dessa forma: “Me lave, MAS A SECO”.

Esta situação serve para exemplificar um fato que pode ser observado ao longo da história da humanidade, uma vez que o ser humano, assim como os demais animais, sempre esteve adaptando-se as mudanças que ocorrem no meio em que vive. Muitos foram os povos que se deslocaram de regiões do mundo que, em algum momento, tornaram-se impossíveis de se viver, como também mudou a maneira de pensar, e, consequentemente, agir, ao enfrentar realidades diferentes de até então. Afinal de contas alguém não pode permanecer sem reagir a uma determinada situação que o incomoda, que provoca seus sentidos, que afeta sua existência. A falta de água em São Paulo e a frase do engraçadinho no carro sujo são exemplos claros em relação a isso. Quando toda uma sociedade é levada a repensar suas atitudes, em relação à falta de um elemento vital para existir, até mesmo as “piadinhas sem graça” tomam uma conotação diferente, de modo a associar essa mudança de pensamento.
Apesar de ser uma ilustração tão pequena, esta situação é capaz de abranger uma grande gama de mudanças que estão ocorrendo nas ações dos paulistanos e habitantes das cidades que também estão sendo afetadas pela falta de água, e, levando-se em consideração a despreocupação que se tinha antes com este bem comum, este acontecimento serve para mostrar a todos nós que, somos capazes de saber utilizar bem aquilo que temos e que nos é oferecido, e que não podemos nos deixar levar pela comodidade aparente na obtenção dos recursos que temos, seja a água, seja nossas florestas, na reciclagem de lixos, ou em qualquer coisa que exista em nossa vida. O ser humano é sempre capaz de mudar, mas infelizmente isso só tem ocorrido, pelo menos aqui em São Paulo, nos momentos de necessidade.


Michael Rocha.

domingo, 18 de maio de 2014

“ATÉ AQUI O SENHOR NOS AJUDOU” (1º Samuel 7,12)



Quando da ocasião da saída de Judas do grupo dos doze, convocados pelo senhor Jesus Cristo para serem os primeiros a ouvirem e verem a novidade do Reino de Jesus, foi suplicado ao mesmo Senhor que, através do vento do Espírito Santo, escolhesse um para que tomasse lugar junto aos doze. Pedro, a pedra fundamental, é quem dirige a oração a Deus, ‘Senhor, tu que conhecesses o coração de todos. Mostra-nos qual destes dois escolheste para ocupar, neste ministério e apostolado, o lugar que Judas abandonou para seguir o seu destino!’ (At 1,24). É escolhido então Matias, este que, eleito, tem a missão de levar a boa nova do evangelho a toda região da Judéia.
Em nossos tempos ouvimos dizer questões referentes a uma tal “crise de vocações”, lidos os relatos de muitos, temos um cenário onde ninguém, ou quase ninguém, quer mais seguir pelos caminhos apontados outrora por Jesus, preferem as facilidades e os benefícios que uma vida, dita ‘no mundo’, oferece, ou seja, uma vida mais tranquila e sem exigências tais como a do evangelho, que garante a própria vida.
Certo o é de que, permeados por um impulso de pescadores de homens, buscamos de uma forma frenética por vocações, por corações dispostos a se doarem para o reino de Deus e seu serviço, imprimimos uma centena de milhar de panfletos, banners, montamos stands, slides, terços, musicas, orações, feiras, tudo com intuito de angariar vocações, e, o mais grave, angariar vocações para si, não para a Igreja. Contudo parece-me que esquecemos de um certo Jesus o Cristo, o primeiro convocador de discípulos, o primeiro a ir ao encontro das piores pessoas, entre as quais pecadores públicos, cobradores de impostos, fracos e titubeantes na fé, para serem os que comem à sua mesa, para serem seus amigos.
Foi, é e sempre será o Senhor Jesus quem escolhe, chama e convoca os seus discípulos, a nós cabe o entremeio, cabe a ponte de ligação entre o chamado e a confirmação do chamado, cabe a nós a formação do chamado, a estruturação de sua vida intelectual, religiosa e comunitária. Não cabe a nós o chamado, cabe apenas o exemplo, o qual devemos dar a fim de que se clareiem as ideias dos que se sentem chamados. Aquele que passa pela experiência ajuda os que passarão. O que sai do consultório explica ao próximo qual será o procedimento.
Neste sentido não podemos falar de uma crise de vocações, afinal quem chama e suscita vocacionados é o próprio Deus, devemos falar então de uma crise no anuncio do evangelho. Se não se encontram vocações, ou seja, corações dispostos e generosos para servir, é porque antes de tudo a Palavra de Deus, motivadora, viva e eficaz, não fora anunciada. Não se pode querer servir a um senhor que nem nome se sabe. Ao deus desconhecido que Paulo quis dar o nome de ‘Eu Sou’ foram dirigidos apenas risos que destinavam-se a Paulo. Primeiro é preciso falar do mestre, ensinar sobre o mestre, abrir caminho e preparar o terreno. Antes do Senhor Jesus nascer da Virgem Maria, e mais precisamente seis meses antes, o precursor foi enviado a este mundo, a fim de ‘preparar o caminho do Senhor, endireitar as veredas’ (Marcos 1,3). Somente àquele que é anunciado o Senhor, será capaz de reconhecer a voz deste mesmo Senhor que falar-lhe-á ao coração.
Antes de culparmos o avanço tecnológico, a busca incansável pelo aumento das riquezas, o consumismo exacerbado pela falta de vocações, deveríamos olhar para nossas atitudes, para o quanto falamos de Jesus e de seu evangelho, olhar para como está o exemplo que damos, olhar para onde estamos apontando. Se há uma crise de vocações esta se deve unicamente pela falta de esmero para com as coisas de Deus por parte daqueles que a priori foram chamados.
O Senhor Jesus chama, disto não se pode duvidar, porem sua voz pode tornar-se inaudível em meio a tanto dinheiro, vaidade e orgulho, questões que inúmeras vezes tomam conta de reuniões do clero, das conversas entre padres, das rodas de tricô das senhoras piedosas do apostolado da oração. Preocupa-se demasiado com as questões burocráticas, deixa-se de lado o evangelho do Senhor Jesus.
Jesus não para de suscitar corações jovens prontos a, encontrada uma porta aberta, gastarem a sua vida pela causa do Evangelho. Para nós cabe, chamados pelo mesmo Senhor, afeiçoarmo-nos do Cristo Bom Pastor, modelo de acolhimento, misericórdia e caridade.
Crise nas vocações, não, crise nos exemplos!


Sem. João Victor dos Santos Silva

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Eu te chamo minha ovelha



Queridos leitores,

É incrível esse jeito carinhoso que Jesus tem para conosco; de chamarmos de filhos, irmãos, e vem nos chamar de ovelhas.  Ele como Pastor maior, que tem a missão de nos chamar quando estamos dispersos pelas desilusões do mundo ou pelas vozes dos ladrões que nos cercam a todo instante, nos faz descobrir a porta da salvação, que é Ele próprio.
Amados, em nossa vida existem diversas vozes a nos chamar a todo instante, o mundo do superficial, as desilusões amorosas, as falsas companhias, a felicidade instantânea; tudo isso são ladrões de vidas, assim podemos definir, coisas que não acrescentam em nossas vidas, porém, nos rouba aquilo que mais temos de melhor, o nosso sorriso. Partindo daí, vemos o trabalho de Jesus que pastoreia meio à relva verdejante e procura chamar a todo instante a ovelha que se perde, para conduzi-la ao redil novamente. 
No capitulo 10, versículo três de São João, vemos Jesus que conduz e chama, e aponta o caminho a seguir, essa sim é a voz que precisamos escutar, Daquele que nos chama pelo nome e resgata a nossa dignidade. O alerta é claro, as verdadeiras ovelhas escutam e reconhecem a sua voz e o segue, porém, a uma voz estranha não vão, pois não reconhecem outra voz a não ser do verdadeiro Pastor.
Assim os nossos ouvidos precisam ficar atentos, ao chamado do Pastor. Cabe a nós agora filtrar os nossos ouvidos. Qual é a voz que quero ouvir? Do pastor que é a porta de entrada que nos garante a salvação, que nos chama para fora, que nos garante a vida em abundância, ou a dos ladrões e assaltantes, que vem para matar os nossos sentimentos, destruir a nossa dignidade, enganar a nós mesmos e roubar a nossa identidade? Eis aí o nosso desafio, a que voz queremos ouvir e seguir?

Com carinho,
Seminarista Christian Macedo


quarta-feira, 7 de maio de 2014

08 de Maio Solenidade de NOSSA SENHORA DA PUREZA


Santa Maria, Mãe da Pureza - Padroeira dos Clérigos Regulares Teatinos

                      Entre todas as mulheres de todos os tempos e de todos os lugares, Deus escolheu Maria para ser sua mãe. Esta glória fez Maria cantar perante Santa Isabel: Minha alma glorifica o Senhor, meu espírito exulta em Deus meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo... (Lc. 1, 42 ss.)

                     O Magnificat é o canto da glória de Maria, por ter sido a eleita de Deus. Em sua qualidade de Mãe, tem a Virgem um certo direito singular a todos os dons de seu Filho afirmam os santos e teólogos.

                      Todas as criaturas revelam Deus de algum modo, são como espelhos da divindade. Alguém já disse que Deus não fala, mas tudo nos fala de Deus. Maria é um espelho especialíssimo de Deus, diz São Tomás de Aquino. Os outros santos, diz ele, são exemplos de virtudes particulares: um foi humilde, outro foi casto, outro misericordioso, e assim nos são mostrados como exemplos de uma virtude. Mas a bem-aventurada Virgem é exemplo de todas as virtudes . É por isso que a Ladainha lhe chama de Espelho da Justiça .O esplêndido quadro pintado por Luís Morales, dito o divino, com simplicidade de traços e de profundo gosto de artista, era venerado na capela particular da nobre família Bernardo-Mendonza de Nápoles.
                     O teatino Pe. Giuseppe Caracciolo, confessor dessa família, freqüentemente orava diante dessa imagem atraído pelo esplendor virginal que irradiava sobre a face de Nossa Senhora.
                    Quando morreu o último herdeiro, a imagem foi entregue em sinal de reconhecimento, aos padres teatinos, e, em 7 de setembro de 1641, foi transferida solenemente à Igreja de São Paulo Maior.
                   Os fiéis foram prontamente arrebatados, e por sua graciosidade e modéstia de traços a invocaram com o título de Madonna della Puritá, ou seja, Nossa Senhora da Pureza.
                   Em 1647, os padres teatinos a elegeram Patrona de sua Ordem.
                   Desde então, o culto à N. Sra. Da Pureza se estendia por toda a parte onde os teatinos fossem abrir uma casa ou reger uma Igreja. Assim é que hoje se pode venerar tal imagem em muitos lugares, sobretudo no sul da Itália.


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DA PUREZA
Oh! Minha Senhora e minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós e, em prova de minha devoção, vos consagro neste dia, meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meus coração e todo o meu ser. E já que sou vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como filho  muito amado vosso. AMÉM!

HINO A NOSSA SENHORA DA PUREZA

1. Maria da Pureza, tu es a mãe do menino Deus
Olhai do céu nosso povo que vive e caminha em busca do amor
Maria ensinai-nos admitir as nossas fraquezas
E confiando em teu filho a ele entregamos o nosso viver (bis)
Senhora da Pureza, levai-nos à Liberdade,
Guiando nossa vida nos passos da Sobriedade (2x)

2. Arrependido ó Mãe, confesso a Deus os meus pecados
Somente morrendo o homem velho, renasceremos no amor do Pai
Ajuda a reparar o mal que causei aos meus irmãos
Professo: creio em Deus Trino e que eu seja fermento do Reino de Deus (bis)

3. Orando e Vigiando pra não cair em tentação,
A teu exemplo Maria, queremos servir o nosso irmão
Celebrando a partilha do pão do céu que faz viver
Festejaremos alegres em Jesus Cristo, a Libertação (bis)

4. Maria da Pureza, tu que caminhas no meio do povo
Desperta, anima e ensina o nosso povo a viver no amor.
Maria da Pureza, mãe dos humildes e dos mais simples

Guiai a nossa vida nos doze passos da Sobriedade. muito amado vosso. AMÉM!

FONTE: http://www.igrejasaogeraldo.com.br/crbst_50.html

terça-feira, 6 de maio de 2014

FICA CONOSCO SENHOR

Alguns discípulos de Cristo estavam indo para Emaús, quando encontraram Jesus pelo caminho, mas não o reconheceram. Por que será que isso aconteceu? Por que não reconheceram seu mestre? Porque eles, devido aos acontecimentos que vinham comentando, estavam tristes, abatidos e sem esperanças.  Eles ficaram com os olhos fixados no sepulcro do Senhor, isto é, ficaram presos ao sentimento de dor e sofrimento que há pouco experimentaram. Acabaram por se esquecer das promessas do Senhor. Perderam as esperanças naquilo que acreditavam.
               Era um momento de incertezas para todos. Aquele quem eles acreditavam que iria libertar o povo, agora estava morto. Muitas vezes, nossa vida é exatamente assim, sentimos que a dor e a tristeza invadem nosso ser e que já não há saída para os problemas. Isso acontece quando nos apegamos a acontecimentos ruins da nossa vida, momentos dolorosos do passado ou do presente. Nós ficamos com os nossos olhos fixos nos “sepulcros” de nossa existência e nos esquecemos de olhar pra frente.
              Com isso, nossa confiança em Deus fica abalada. Porém, igualmente com os discípulos, Jesus intervém nessa nossa caminhada de dor e sofrimento. Mas, por estarmos cheios de sentimentos ruins, mágoas, ficamos como que “cegos” e incapazes de reconhecer a Cristo que caminha conosco e nos fala das promessas do Pai.  Por isso, viver uma vida de oração de vigilância é o menor dos esforços para que quando Jesus passar estejamos preparados para reconhecê-lo e aceitá-lo.
              Na alegria desse tempo que vivemos, devemos sempre estar em oração e comunhão com os irmãos, assim reconheceremos a Jesus “ao partir do pão”. Que possamos ter a ousadia de como os discípulos pedir: “Fica conosco, Senhor, é tarde e a noite já vem.” (Lc 24, 29)


Pedro G. Moreira