Certo dia, voltando da faculdade, deparei-me com uma cena
que me chamou a atenção e me pôs a refletir durante algum tempo, a ponto de
elaborar este texto a cerca das mudanças de hábito em relação as necessidades.
A situação foi a seguinte: Ao trafegar pela marginal tiete,
um carro que trafegava próximo ao veículo em que estava se encontrava todo
coberto de pó e fuligem, como é muito comum quando alguém demora a levar para
um “lava rápido” ou limpar em casa o seu carro. Nesse caso, como também ocorre
com frequência, não faltou àquela famosa frase que engraçadinhos costumam
escrever nos vidros de um veículo neste estado. “Lave-me”, “me lave por favor”,
“necessito de um banho”, entre outros. Bom, todos sabem que a cidade de São
Paulo, assim como cidades vizinhas, encontra-se em uma situação um tanto quanto
complicada em relação ao abastecimento de água, por conta da pouca reserva do
sistema da Cantareira. A situação esta cada vez mais difícil, fazendo com que
os órgãos competentes comecem a realizar campanhas de incentivos a economia nos
gastos com a água que utilizamos no dia-a-dia. A frase que vi não me chamaria
tanto à atenção se não viesse com um complemento muito peculiar. Ao invés de
apenas “Me lave” ela veio exatamente dessa forma: “Me lave, MAS A SECO”.
Esta situação serve para exemplificar um fato que pode ser
observado ao longo da história da humanidade, uma vez que o ser humano, assim
como os demais animais, sempre esteve adaptando-se as mudanças que ocorrem no
meio em que vive. Muitos foram os povos que se deslocaram de regiões do mundo
que, em algum momento, tornaram-se impossíveis de se viver, como também mudou a
maneira de pensar, e, consequentemente, agir, ao enfrentar realidades
diferentes de até então. Afinal de contas alguém não pode permanecer sem reagir
a uma determinada situação que o incomoda, que provoca seus sentidos, que afeta
sua existência. A falta de água em São Paulo e a frase do engraçadinho no carro
sujo são exemplos claros em relação a isso. Quando toda uma sociedade é levada
a repensar suas atitudes, em relação à falta de um elemento vital para existir,
até mesmo as “piadinhas sem graça” tomam uma conotação diferente, de modo a
associar essa mudança de pensamento.
Apesar de ser uma ilustração tão pequena, esta situação é
capaz de abranger uma grande gama de mudanças que estão ocorrendo nas ações dos
paulistanos e habitantes das cidades que também estão sendo afetadas pela falta
de água, e, levando-se em consideração a despreocupação que se tinha antes com
este bem comum, este acontecimento serve para mostrar a todos nós que, somos
capazes de saber utilizar bem aquilo que temos e que nos é oferecido, e que não
podemos nos deixar levar pela comodidade aparente na obtenção dos recursos que
temos, seja a água, seja nossas florestas, na reciclagem de lixos, ou em
qualquer coisa que exista em nossa vida. O ser humano é sempre capaz de mudar,
mas infelizmente isso só tem ocorrido, pelo menos aqui em São Paulo, nos
momentos de necessidade.
Michael Rocha.
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