domingo, 14 de setembro de 2014

FUNDAÇÃO DOS CLÉRIGOS REGULARES, VULGO TEATINOS


Pedro G. Moreira

“... emitir os três votos essenciais de pobreza, castidade e obediência, estabelecer juntos vida clerical, com o hábito comum do clero, viver em comum e do comum, dedicando-vos humilde e devotamente ao serviço de Deus...”[1]

 O Projeto Teatino, que foi concebido por S. Caetano Thiene e acolhido pelos seus companheiros, João Pedro Carafa (Papa Paulo IV), Bolifácio de’ Collli e Paulo Consiglieri, ganhou vida, isto é, fundou-se naquele 14 de Setembro de 1524, como é sabido, no dia da Exaltação da Santa Cruz.

 De acordo com o Pe. Antonio Prato, que ouviu da boca de S. Caetano como tudo começou: “ [...] Fazia tempo que lhe ocorria ao pensamento de reunir-se com outros em vida claustral e regular, à maneira de ordem religiosa, mas de sacerdotes, coisa que não existia naquele tempo” [ANDREU apud OLIVER]. De fato, Caetano e Carafa sonhavam apenas em viver juntos, santificando-se no serviço do próximo, na pobreza, para assim servir de exemplo aos demais padres da época. É mister ressaltar, que a época em que se situa é a mesma, da de Lutero, que também buscou a reforma – guardadas as devidas proporções – como o Santo Fundador quis.

 “Neste ano de 1524, no dia catorze de Setembro no qual se celebra na Santa Igreja a Exaltação da Cruz, dia tão aspirado por Caetano, [...], ele se une com seus colegas, e se dispõe a consagrar-se a Deus professando os votos solenes na nova Religião[2]” [MAGENIS, MDCCLXXVL, p. 73]. O Projeto ganha vida com a profissão dos votos solenemente na basílica de S. Pedro.

 O dia, bem como o local escolhido para a fundação, não foram, de modo algum, frutos do acaso, pelo contrário, tendo estes uma grande significação. Corriam em Roma frases como esta: “É necessário reformar a cabeça e depois o corpo”, isto quer dizer que a reforma, tão almejada, deveria acontecer de dentro pra fora da Igreja, desde seus ‘pastores até as ovelhas’.  Caetano deveria acreditar nisto, visto que escolhe professar os votos, fundando assim a Ordem, em cima da Pedra Basilar da Igreja, S. Pedro e a ele dirigem os votos, ele que é “o primeiro chefe, pai e protetor da mesma religião” [Idem, p. 75].

 A Ordem não é apenas produto de uma época, mas da Providência de Deus, que a quis por seu instrumento de renovação.



REFERÊNCIAS

OLIVER, Antonio. Os teatinos: seu carisma, sua história, sua identidade. 
MAGENIS, Caetano M. Vita di S. Gaetano Tiene: patriarca de' Cherici Regolari. Veneza, 1771.





[1] Breve de Aprovação Exponi Nobis, do Papa Clemente VII, redigido por Tiago Sadoleto e emitido no dia 24 de Junho de 1524, no dia de S. João. Texto basilar para a vida teatina; é uma síntese do escopo da mesma.
[2] Este termo também era designado para se referir à uma Congregação, Instituto, Ordem ou Companhia.