sexta-feira, 28 de março de 2014

VITÓRIA DE SI MESMO

São Caetano pintado por Giambattista Tiepolo


O título deste texto é o mesmo da obra Vittoria di si stesso[1] do frei dominicano João Batista Carioni da Crema (cerca de1460-1534)[2], que como se sabe foi diretor espiritual de S. Caetano.  O nome da obra já nos sugere muitas coisas sobre o seu provável conteúdo, contudo, o que nos interessa não é isso exatamente, nem a obra em si, senão o impacto da espiritualidade ou ideia que está por trás, na pessoa de Caetano. O que vem a ser essa vitória de si mesmo? Com certeza no acompanhamento espiritual que Carioni fez com Caetano, deve de algum modo ter passado sua riqueza espiritual inclusive sobre essa questão.
Sobre isso um questionamento pode se fazer presente: por que é necessário vencer-nos a nós mesmos? Primeiramente devemos ter em conta que o objeto da batalha não é a pessoa em si apenas, mas, sobretudo, sua vontade ou desejo. Isto é, o que se busca vencer em nós mesmos é a nossa própria vontade, frequentemente mesquinha.
Mas para que vencer a própria vontade? Para que possamos, com maior liberdade, admitir  e realizar a Vontade Divina, é o que nos leva de modo perfeito ao Fiat voluntas tua! [3]
Caetano herda, de certo modo, essa espiritualidade de Carioni e a buscou vivê-la. Onde podemos, na biografia do santo, notar esse esforço? Antonio Prato nos relata o seguinte: “... devendo partir de Veneza para a prepositura de Nápolis, e, os outros Padres, confiando a ele [Caetano] a eleição do companheiro, não quis nomear nenhum, ao invés disso, voltado ao Crucifixo rezou ao Senhor que inspirasse nos corações dos Padres a dar-lhe aquele que fosse mais contrário ao seu gosto.” [4]Temos prova aqui do esforço do santo em busca de vencer sua própria vontade. Como diz Santa Tereza do Menino Jesus: “...essa pequena vitória sobre a minha vontade me custou muito...”, de fato, deve ter custado muito a Caetano a sua vitória, mas ele nos mostra o quão é possível.
Muito interessante poder ver, com este exemplo, aquilo que Oliver afirma em seu livro: “Assim, pois, o método espiritual de Fr. Batista de Crema se tornou vida e ação em Caetano de Thiene...”.[5] Exatamente, Caetano foi fiel a sua formação espiritual, foi obediente e confiou naquele que o instruiu. Outro aspecto importante da vitória de si mesmo é o da obediência, pois vencendo o desejo próprio alcança-se a obediência pacífica, todavia não é uma obediência cega e sem escrúpulos.
De fato, os inimigos mais cruéis e difíceis somos nós mesmos. Por conta da dificuldade que temos de nos opor a nós mesmos naquilo que queremos; ir contra o desejo próprio. Isso se dá pelo fato de que sempre vamos ser partidários ou defensores de nossas próprias causas, vontades. Isso nos leva a crer que estamos certos, que o queremos é o melhor para nós. Ora se queremos fazer a vontade de Deus, implica então que a minha vontade não é necessariamente a mesma Dele.
Portanto, para que a Vontade de Deus seja a nossa vontade devemos, não negar a nossa, mas livremente abdicá-la, para que a Vontade Divina tenha cada vez mais espaço em nós. Isso caracterizará a grande vitória de nós mesmos.


Pedro G. Moreira



[1] Obra cujo título completo e original: Della Cognizione e vittoria di se stesso, Milão (1531).
[2] O ano do nascimento não é exato, pode ser em algum momento entre 1450 e 1960, em Crema, Itália.
[3] Seja feita a vossa vontade, um dos pedidos da oração do Pater Noster.
[4] ANDREU, Francisco, Relazione del P. D. Giovanni Antonio Prato, Regnum Dei 1 (1945),p. 130.
[5] OLIVER, Antonio, Os Teatinos..., p.55.

quarta-feira, 26 de março de 2014

João Marinoni -Retrato da Perfeita Caridade Humana-

                                        


Só aquele que muito ama é capaz de, a exemplo de Cristo, despojar-se de si mesmo para entregar-se livre e totalmente ao serviço daqueles que necessitam. Vendo um pouco a biografia do B. João Marinoni, percebe-se que este alcançou tal maturidade espiritual.
Buscou, dentro de seus próprios limites, dispensar somente o bem. Fez caridade a todos os que ele pode atingir, até mesmo aos animais dedicou seu amor. Sendo que não permitia que exterminassem nem as formigas que invadissem a dispensa da comunidade, da qual era prepósito e mestre.
Sua sensibilidade era tamanha que multiplicavam-se pequenos gestos como, rezar pelos mendigos, quando não possuía recursos para a esmola, enviar doces como sinal de carinho, dar comida aos pássaros em suas próprias mãos, entre tantos outros gestos.
Ele é com certeza fisionomia da caridade humana, sendo que nunca precisou distanciar-se de sua condição para fazer o bem, mas se valeu dela para o êxito de seu ministério.
Tendo contato com este grande exemplo teatino, constata-se o quão possível é a santidade e a caridade ao Homem de hoje. Porque o segredo da santidade, consequência do exercício do amor, de Marinoni é ter encontrado Deus na pessoa do próximo. Por isto nunca se absteve de servi-lo incansavelmente.


Pedro G. Moreira

sexta-feira, 21 de março de 2014

DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO

·         Jesus é sepultado




“Depois disso (a morte), José de Arimatéia, pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo. Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés. Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo como os judeus costumavam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. Por ser o dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá que eles colocaram Jesus.” (Jo 19, 38-42)
Jesus está morto, todas as esperanças esvaem-se. Os discípulos voltam às redes, ninguém lembra-se da promessa de Jesus que cumprir-se-ia três dias depois. É sexta-feira, véspera do sábado, dia em que os judeus nada faziam, desde as seis horas do dia anterior. Este horário se aproximava, e Maria, Nicodemos e os outros que ali estavam, como bons judeus, tinham de cumprir os preceitos e sepultar o corpo do Senhor. Como costumavam fazer, envolveram seu corpo com perfumes e depois enrolaram-no com um tecido branco. E sepultaram-no, e, à entrada do tumulo, rolaram uma grande pedra. Tudo feito de um modo de certo apressado, as vésperas do sábado que aproximavam-se.
Eis aqui o mistério da nossa fé, Jesus, como Deus que o é, morto, desce à mansão dos mortos, ao inferno, e resgata todas as almas que lá estavam, todos que haviam pecado de Adão até o último pecador morto antes de Jesus e, com sua vitória sobre a morte, abre o Reino dos Céus com sua cruz. O jardim onde está o tumulo de Jesus torna-se o novo Éden, Jesus torna-se o novo Adão. A cruz torna-se chave que abre o ‘portão’ do céu.
As esperanças esvaídas. Para o túmulo se leva o corpo morto daqueles que morreram, que temos a certeza nunca mais voltaram aqui nesta vida. O corpo não mais lhes serve. Esperanças temos de vida eterna, nos céus. Jesus nos surpreende, faz de seu túmulo, lugar de comum podridão e falta de esperança, útero que gera a vida e supera toda e qualquer expectativa. O tumulo não encerra a vida.
Jesus morto e sepultado permanece vivo na esperança que sua Mãe guarda em silencio no seu coração. Tudo lhe era conhecido. A Mãe conhece o filho que tem. Suprimida de dor enterra o corpo morto de seu filho, mas conserva viva a esperança do terceiro dia.
Em Jesus ganhamos uma certeza, nem tudo que vai para o túmulo está perdido, nem tudo que por todos está desenganado não pode recuperar-se. A vida não pode ser encarcerada dentro de quatro paredes.
Daí-nos Senhor a graça de esperarmos donde não se vê esperança, amar onde não há amor, confiar onde só há dúvidas, doar onde só há cobranças, silenciar onde só há barulho.

quinta-feira, 20 de março de 2014

FORMAÇÃO DE VIDA RELIGIOSA



Na última segunda-feira, dia 17 de Março, tivemos um encontro com o Pe. Rafael Tadeu, CR sobre a vida comunitária. Ele fez a leitura de um texto do Papa Francisco que discutia a situação da formação nos dias atuais. A partir deste texto fizemos um momento de partilha.
Logo mais, realizamos uma dinâmica em que procurávamos em algumas frases questionamentos, lições de vida e uma imagem concreta do que refletimos. Foi um momento propício para reflexão e estudo, que só tem a contribuir parab a nossa caminhada.
Á tarde Pe. Rafael celebrou a Santa Missa na capela do seminário.

DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO

Jesus é decido da cruz


Estava tudo consumado. O céu e a terra, toda a criação estavam envoltos de um terrível silêncio. Silêncio de dor. O silêncio do Pai preenche se espalha pela terra. Não era um silêncio comum, era divino.
Descem Jesus da cruz e o depõe sobre o colo acolhedoir da Mãe. Ela o carrega da mesma forma que fez no nascimento do menino. A dor de uma mãe que carrega o corpo flagelado e morto do seu próprio filho. Maria ainda teve forças de fazê-lo. permanece firme, mas sua dor é imensa. Vemos a Senhora das Dores com a espada transpassada em seu peito, desolada.
Mas permanece firme nos caminhos do Senhor, não se revolta por conta dos terríveis sofrimentos. Perdera seu filho para as injustiças, mas sabia em seu coração que não era o fim, não tinha acabado ali o plano de Deus. Neste momento de grande dor só restava a fé, confiança e esperança em Deus que tanto a agraciou.

DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO

Jesus morre na Cruz

 
Caríssimos e amados irmãos em Cristo,
    Vivendo esse tempo da quaresma, somos convocados a mergulharmos intensamente numa liturgia, que nos remete a uma verdadeira mudança de vida. Uma conversão de corpo e de alma.
    Hoje contemplamos a 12º estação Jesus morre na cruz. " Jesus deu um forte grito: Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito."  A partir daqui podemos já nos questionar:  Por que matariam o filho de Deus? O que fizera Jesus? Quais seriam os motivos para matá-lo?
   Amados,  muitos questionamentos muitas vezes não terão resposta, pelas próprias injustiças que o mundo e os valores nos pregam. O sofrimente é nítido nessas injustiças. Sofremos com Jesus. 
    Jesus passou pelo calvário da indifrença, da injustiça e da falta de amor daqueles que estavam sujeitos somente a uma lei, Julgar. Isso ainda  continua vivo em nossa sociedade. O julgamento, a indiferença, a falta de amor e ainda mais a injustiça. Muitos que são traficados e escrevizados, perdem  vida antes do tempo, como Jesus. Pela falta de conciência que a morte de um justo Não passará despercebida diante de Deus.  Que mesmo não devendo nada, vivendo livres, torna-se vítimas e prisioneiros de um sistema traiçoeiro, que rouba e destroe a dignidade humana.
    Filhos queridos, chegou o tempo de ROMPERMOS com as correntes e algemas que nos escravizam! De gritarmos para o MUNDO que o AMOR vence qualquer escravidão! De comprometermo-nos com a VIDA e a dignidade do OUTRO!
Chegou o tempo de vivermos a LIBERDADE de Filhos de Deus!
O DEUS LIBERTADOR! 
Roquemos a Deus, que neste propicio tempo, aprendamos a amar mais as pessoas,  a valorizá-las mais. Que a vida seja sinal e motivo de alegria e celebração,e que juntos possamos vencer toda e qualquer escravidão em nosso coração, na meta de construirmos uma sociedade mais justa e amorosa.


Sem. Christian M. Cintra

segunda-feira, 17 de março de 2014

DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO

Jesus é pregado na cruz


Segundo os relatos evangélicos por volta do meio-dia, Jesus, aquele considerado por muitos o Cristo, é pregado na cruz. O filho de Deus entrega-se completamente nas mãos do Pai. Neste momento finda-se o que se tornará um dos maiores acontecimentos da história da humanidade, mas também o ato que gerou o sacrifício entregue de toda a humanidade perante Deus.
Dois atos intimamente ligados podem ser apresentados neste acontecimento. Entrega e amor!
Jesus é, segundo a fé, o maior exemplo daquele que se entregou a vontade divina e por consequência a prova real daquele que ama.
Entregar-se a Divina providência deve gerar em nós as bases para a construção contínua do amor gratuito.

Michael Rocha.

domingo, 16 de março de 2014

DÉCIMA ESTAÇÃO

Jesus é despojado de suas vestes

Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos;
Porque pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo!
Nesta meditação sobre as dores de Jesus até o Calvário contemplamos e quase vislumbramos o que os quatro Evangelhos nos apontam: “Os soldados repartiram entre si as vestes de Jesus” depois de O terem despido (cf. Mt 27,35; Mc 15,24; Lc 23,34b e Jo 19,23)
Assim como despiram Jesus e lançaram sorte sobre a sua túnica, ainda hoje, muitos tiram a sorte sobre a vida, o corpo, os órgãos, a dignidade e a liberdade de nossos irmãos e irmãs. Ainda hoje Cristo sofre nos corpos e na dignidade de filhos e filhas de Deus que foram enganados e forçados as mais diversas e atrozes atitudes para permanecerem vivos. E nós, como reagimos diante desta situação que nos lança a cara uma realidade que não pode permanecer impune! Se nos dizemos cristãos, devemos ter atitudes que o próprio Cristo teria, devemos nos perguntar a cada instante se Ele se calaria diante de uma injustiça, diante de uma situação de miséria e de rebaixamento  daqueles que são o objeto do amor do Pai. Ó Jesus, abri os nossos olhos para que possamos ir ao encontro do nosso próximo e tampar a sua nudez, seja ela qual for e que jamais nos calemos diante daquelas situações em por um lucro ou um prazer, tiram a sorte sobre o vosso corpo chagado e maltratado naqueles que gritam por ajuda. Amém!

João Amaro

sexta-feira, 14 de março de 2014

NONA ESTAÇÃO

·         Jesus cai pela terceira vez

NONA ESTAÇÃO! Confira a VIA SACRA no BLOG http://seminariosaocaetano.blogspot.com.br/

“Fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador.” (Is 53, 6b-7)
Nesta estação contemplamos Jesus que, fatigado pelo peso de sua cruz, esgotado pelos inúmeros escárnios, humilhado pelas incontáveis palavras de desprezo, falseia os pés e cai ao chão. Esta parte de sua subida dolorosa rumo ao monte Gólgota não é contado em nenhum dos evangelhos, contudo podemos observar a intenção do autor da Via Sacra em narrá-la. Jesus como homem que era, sofreu as dores e os cansaços pertinentes a alguém que fosse chicoteado, flagelado, maltratado e que tivesse que carregar o instrumento principal de sua morte, a cruz.
Jesus passa por todos os sofrimentos que um homem, exposto a tais circunstancias, sentiria. Mas n’Ele observamos uma diferença, e é neste ponto que, creio eu, o autor quer nos apontar, Jesus permaneceu em silêncio. Poderia estar reclamando desde o início, quando foi preso no Getsemani, poderia tentar fugir quando estava preso no porão do palácio de Pilatos, poderia jogar a cruz de lado e negar-se a carrega-la, poderia, caído ao chão, por aí mesmo ficar, mas Jesus levanta-se, e por três vezes.
Para o Judeu o tempo de três dias significa que não há mais jeito, que não há volta. A vida pública de Jesus vemos o número três na quantia de vezes que Pedro o nega e a quantia de vezes que jesus interroga Pedro a respeito de seu amor. Na via sacra podemos tomar o número três com a seguinte interpretação, quando não havia mais esperança, afinal Jesus já havia caído duas outras vezes, cansado e quase esgotado pelo cansaço e pela dor dos ferimentos, ele cai uma vez mais, mas levanta-se. Empunha a cruz e segue o caminho, não desiste.

Jesus, bom e amável mestre, ensinai-nos a não desanimar em nossos tropeços e quedas. Ensinai-nos pela vossa Graça, a caminharmos sempre, rumo a Deus que nos chama, carregando nossa cruz sem murmurar nem voltar atrás.

Pedro G. Moreira

quinta-feira, 13 de março de 2014

OITAVA ESTAÇÃO

Jesus consola as mulheres de Jerusalém
OITAVA ESTAÇÃO Confira a VIA SACRA no BLOG 
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No caminho até o Calvário algumas mulheres chorama por ele. Ele diz: Não chorais por mim, mas por vós mesma e por seus filhos. Ele com seu jeito todo especial consola aquelas que se entristecem com o seu sofrimento. Assim, ele também é consolo daquelas mães que sofrem pela prisão dos filhos, do sumiço (por conta do tráfico de pessoas) e muitas outras situações.
nós devemos nos dias de hoje ser canal para Ele console os aflitos e oprimidos. Devemos ser causa de consolo para o próximo que sofre uma situação descoinfortável. Aprendamos mais uma vez com o exemplo de Jesus.

SÉTIMA ESTAÇÃO

Jesus cai pela segunda vez

Sexta estação! Confira a Via Sacra no Blog http://seminariosaocaetano.blogspot.com.br/

 Jesus dá o maior exemplo de perseverança que poderíamos ter: permaneceu em seu caminho mesmo sem quase ter forças, caindo pela estrada. Permanece com os planos do Pai mesmo com tamanha dor e dificuldade. A dor consome suas energias, esmaga seus ossos. Fraqueja de exausto e cai por terra esta segunda vez.
Não desiste. Implora a força do Pai e se levanta, muito enfraquecido, porém convicto.
é esta mesma força de Deus que devemos suplicar, para que consigamos permanecer na fidelidade a Cristo, que foi fiel até o fim.

terça-feira, 11 de março de 2014

A Casa Teatina

                                               


 Desde o início os Clérigos Regulares chamaram de casa seus conventos. A casa acaba por ser um símbolo do novo modo de vida que se propõem os fundadores, isto é, ela é o lugar da prática da vida apostólica dentro de uma comunidade, era ali o local onde se realizava o desejo de “habitar juntos em uma casa vivendo em comum e do comum”.
 De fato, a casa teatina é um porto seguro para seus integrantes. Este termo exprime o espírito do teatino, que não é menos que uma família peculiar à luz da comunidade dos primeiros tempos cristãos. O laço que une os integrantes da ‘família teatina’ é mais forte que o laço do sangue, é o laço da irmandade em Jesus, isto é, o que eles possuem em comum não é simplesmente consanguinidade, mas sim um desejo comum de seguir a Cristo.
 Esta é uma das características mais singulares desta Congregação, mas que por conta da modernidade se faz ‘esquecida’ nas páginas de sua história. Com a perda da noção da dita ‘teologia da casa’ perde-se uma das rochas que sustentam este carisma, que é experienciado dentro da casa, ou seja, é ali que se dá a movimentação da espiritualidade, do carisma, bem como sua renovação.
 Deste modo, “se não queremos que a nossa espiritualidade própria se esvazie de conteúdo, ‘temos que voltar à casa’.” (Duc in Altum, II/20-In Domo Habitantes, p.3). Podemos dizer que o abandono da casa, implica, de certo modo, a um abandono do próprio espírito teatino. Sendo redundante, a perda da consciência do lugar religioso ocorre em um “esvaziamento de nossa espiritualidade própria”, nada mais que um contínuo vazamento da vivacidade da Ordem.
 A atualidade colaborou em muito com a desestruturação da família e casa moderna, isto atingiu também o campo religioso e ,por conseguinte, os teatinos. Cabe, portanto, evocar ao espírito mais primitivo desta espiritualidade, que é a ‘reforma’ dos costumes incoerentes, seja a época que for. É mister salientar que a ideia de reforma não se prende ao século XVI, como é recorrente  pensar, mas esta reforma está para além de determinada época, visto que a própria espiritualidade teatina é dinâmica e se adapta ao tempo em que se encontra presente. Ou seja, não se trata somente de reformar os costumes incoerentes do clero, mas como também os da sociedade.


                                                                                                                            Pedro G. Moreira

SEXTA ESTAÇÃO

Verônica enxuga o rosto de Jesus

 Sexta estação! Acompanhem a VIA SACRA diariamente no Blog http://seminariosaocaetano.blogspot.com.br/

Durante a trajetória rumo ao calvário Jesus se encontrou com sua mãe, recebeu ajuda de Simão de Cirene.  Hoje somos convidados a meditar o ato de Verônica, simples mulher, que ao o suor da face divina, tingida de sangue, corre ao seu encontro.
Com um simples pano enxuga a sagrada face e no pano fica gravado a face que ainda hoje nos olha com compaixão.
Hoje somos convidados a enxugar a face dolorosa, não somente dos que se encontram a mercê da sociedade, mas também dos grandes deste mundo, que vivem trancafiados dentro de suas mazelas.
Que possamos ser sinal de luz na vida do próximo e ir ao seu encontro em prontidão, sensibilizados pela dor dele, e que mais do que num pano, que grave em nossos corações a face de Cristo no semblante do nosso irmão.


Maycon Costa

segunda-feira, 10 de março de 2014

Manhã de Oração Vocacional


MANHÃ DE ORAÇÃO VOCACIONAL


Três jovem vieram fazer parte da “Manhã de Oração Vocacional”, que se realizou  no dia 9 de Março de 2014, aqui no Seminário São Caetano. Nosso encontro de oração  Vocacional teve inicio às 8hs da manhã e terminou às 12hs com o almoço.
  A primeira atividade foi a oração na capela, na qual rezamos o santo evangelho de São Mateus 9,9-13. Depois assistimos a um vídeo sobre a história dos teatinos.  O seminarista Luiz falou sobre os teatinos e quem somos, foi um tempo bem agradável de conversa. Logo mais o seminarista João Vitor falou dos santos teatinos, falou de são Caetano e do venerável Francisco Olímpio. 
 Os participantes puderam ter um tempo de discernimento e convivência conosco; convivemos como verdadeiros irmãos.
 Portanto, interpretado de dois modos, dependendo de como entendermos a palavra irmão. Entendida num sentido genérico designará qualquer homem. Neste caso a exortação se refere a todos os homens: Jesus está presente em qualquer faminto, sedento, forasteiro, sem roupa, enfermo ou encarcerado. Entendido num sentido mais restrito, a palavra irmão designaria os membros da comunidade cristã e, portanto, a exortação se refere somente aos cristãos famintos, sedentos…. Mas, talvez as duas interpretações não sejam excludentes.
  Mateus convida sua comunidade a recriar a solidariedade recíproca que deve reinar na nova família convocada por Jesus. A exortação das parábolas precedentes a estarem vigilantes e atentos adquire uma grande força à luz deste relato final. Estar vigilantes e preparados consiste principalmente em viver segundo o mandamento do amor.

  
Ederson de Oliveira

QUINTA ESTAÇÃO



“Cirineu ajuda Jesus a carregar a Cruz”

Foto de Pedro Gustavo Moreira.

“Passava por aí um homem, chamado Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo. Ele voltava do campo para cidade. Então os soldados obrigaram Simão a carregar a cruz de Jesus.”( Mc 15,21).
Amados Leitores!
 Estamos caminhando com Jesus rumo ao Calvário e chegamos na Quinta Estação: “Cirineu ajuda  Jesus a carregar a cruz.” Pouco  sabemos sobre Cirineu, o versículo 21 de Marcos, capítulo 15, relata que este homem era pai de dois filhos e voltava do trabalho quando foi obrigado a carregar uma cruz, mas não era qualquer cruz. Jesus através  daquela cruz, salvaria toda a humanidade dos pecados cometidos desde Adão e Eva. A Nova Aliança seria consumada para sempre por meio do Preciosíssimo Sangue de Jesus derramado na Cruz, na qual Cirineu ajudou a carregar.
Amados, cada um de nós temos as nossas cruzes para carregarmos não é mesmo? Pois bem, sabemos que não é fácil, ás vezes sentimos que ela está pesada demais e pensamos em desistir de carregá-la. É aí meus amados, que não devemos desistir, devemos confiar em Deus e pedir que Ele nos dê forças para carregar as nossas cruzes.
Cirineu sem saber o que estava acontecendo foi obrigado a carregar a Cruz de Jesus,sem entender nada cooperou para que a Salvação da humanidade, a Nova Aliança fosse consumada. Pensemos um pouco meus amados, somos também convidados por Jesus a sermos “Cirineus” na vida dos nossos irmãos e irmãs, principalmente na vida dos mais necessitados. Cito aqui São Caetano de Thiene e Beato João Marinoni, santos estes que em vida foram verdadeiros Cirineus na vida dos mais necessitados, sempre iluminados pela Palavra de Deus e exerceram com alegria o mandamento da caridade.
É através da oração que pedimos ao Pai Eterno que nos dê forças para carregarmos as nossas cruzes e preenchidos com essa força, ajudamos também os necessitados, os que não têm mais forças, aqueles que perderam a esperança, á carregarem as suas cruzes.
Somos convidados a sermos “Cirineus” não só neste tempo da Quaresma, mas todos os dias de nossas vidas. Vamos atravessar o deserto com Jesus, vamos caminhar rumo ao Calvário com Ele, carregando com alegria, nossas cruzes juntamente com os nossos irmãos e irmãs.


Façamos juntos com confiança essa singela oração:
“Ó Pai Eterno, cheio de amor e de misericórdia, muitas vezes sentimos que a nossa cruz está pesada demais, ficamos tristes, desanimados e sem forças para continuar a carregá-la”. Nós vos pedimos ó Pai, que quando bater no nosso coração o desânimo, a vontade desistir de caminhar, que venha a Vossa força e que nos preencha de alma e coração.
Preenchidos pela Tua força, que possamos ser Cirineus na vida dos nossos irmãos e irmãs, principalmente na vida dos mais necessitados, dando-lhes forças e esperança para também carregarem com fé e alegria as suas cruzes. Isto vos pedimos, por Jesus Cristo vosso Filho na unidade do Espírito Santo.” Amém

                                                                                             
                                                                                                                     Postulante Renan Assumpção

domingo, 9 de março de 2014

Oração pelas vocações teatinas


                              

Pai,
Ensina-nos a confiar em tua Providência,
E que não nos importe tanto o alimento e o vestido
Quanto buscar antes de tudo o Reino e sua Justiça.
Ensina-nos a ver nos irmãos
O grande dom que estás nos concedendo,
E assim chegar, Senhor, até onde Tu nos conduzes;
Que sejamos generosos aonde haja uma ferida
Ou alguém nos suplique um pedaço de amor.
Cuida de nossas casas
Assim como cuidas das flores do campo;
Revista-nos com a graça de tua misericórdia.
Por intercessão de São Caetano te rogamos, Senhor,
Envie a esta parcela da Igreja
Jovens ardorosos e destemidos
Com um coração puro como o orvalho,
Enamorados da eucaristia,
Castos, pobres e obedientes,
Que por amor ao Reino dos céus
Animem aos homens com sua vida
A buscar-te primeiro que todas as coisas.
Amém.

QUARTA ESTAÇÃO

Jesus encontra  sua mãe
Quarta estação
Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos; porque pela vossa santa cruz, remistes o mundo!
Meditar o encontro de Jesus com sua mãe, Maria Santíssima, é ao mesmo tempo meditar os encontros e desencontros de tantas pessoas que se perderam pelas estradas do mundo, quando, ao buscar um sonho se deixaram conduzir por caminhos nem sempre fáceis de retornar. Jesus, no caminho doloroso do Calvário deve a amorosa presença de sua mãe que embora não podendo fazer outra coisa, senão estar junto, lhe servir de refrigério e acalentou suas dores.

Quantas mães, pais, esposas, esposos, filhos e filhas, amigos e amigas, sofrem as dores de não mais terem noticias de seus queridos, quantas pessoas choram amargamente a dor de não saberem como, onde estão seus familiares e amigos! Jesus foi entregue por amor a nós, mas hoje, quantos irmãos e irmãs são entregues nas mãos de pessoas sem escrúpulos que aspiram senão ao lucro e ao poder! Se naquele caminho doloroso duas pessoas que se amavam intensamente se encontraram e animaram uma a outra, hoje muitos desses irmãos  oprimidos e escravizados estão a mercê da própria sorte, porque nós, que nos dizemos seguidores de Cristo, não nos comprometemos em resgatar neles a dignidade de filhos e filhas muito amados do Pai. Que Maria Santíssima, senhora das dores, interceda junto a seu filho Jesus para que possamos olhar nosso próximo com os olhos da Misericórdia Divina, que resgata, ama e cuida! Amém!

sábado, 8 de março de 2014

TERCEIRA ESTAÇÂO

Jesus cai pela primeira vez
Terceira estação

 Na cena da Via Crucis de Nosso Senhor de hoje, vemos ele que perde suas forças e energias, que cai sob o peso da Cruz! Sua humanidade grita de dor! Ela geme o seu padecimento. Mesmo assim ele não abandona seu propósito. Não desfaz seu compromisso. Não desiste de ir adiante, rumo a um destino tão difícil. Mantem-se obediente ao Pai.
 Sente-se fraco, rejeitado, humilhado. Mas mesmo esmagado pelo madeiro, com o rosto prostrado, vê ocasião de esforço, dedicação e fidelidade. Vê ocasião de amor. Com a cara por terra, ora ao Pai. Não é uma suposição, visto que Cristo não se abstinha de orar ao Pai, com certeza o fez também durante o pesado caminho.
 Mas esta primeira queda não foi seu fim, pelo contrário; reúne forças e levanta. Com coragem, convicção e determinação. Prossegue com o plano do Pai.
Da onde Cristo tira forças? Do Pai. Assim também nós em nossas quedas devemos nos alimentar da força e a graça de Deus e levantar. Ter consciência que o tombo não é o fim.

Pedro G. Moreira

sexta-feira, 7 de março de 2014

SEGUNDA ESTAÇÃO

                                                                  
              Jesus carrega a cruz
                       Foto de Pedro Gustavo Moreira.

 Jesus tem sobre si o peso do Mundo. Como era pesada essa cruz! Mesmo assim com coragem e transbordante de amor foi até o fim e concretizou o plano do Pai, ao qual era muito prestativo. Não paralisou-se ante o medo, mesmo tendo sentido terrível angústia, que havia sofrido horas antes no Monte do Getsêmani,, não se absteve de prosseguir com o projeto de seu amado Pai.
 Tem consciência do porquê que aceitou fazer o que faz. Sabe da grande e pesada responsabilidade que tem nas costas: a salvação daqueles que tanto amou e amou com liberdade. Agora vê-se privado desta liberdade que ele mesmo nos doou. 

 Ele que se dispõe de livre e espontânea vontade a carregar por nós a cruz, foi humilhado, ultrajado, cuspido, mesmo assim nos amou até o fim; era só o que podia fazer: nos amar mesmo com o coração dilacerado. 

quinta-feira, 6 de março de 2014





" Liguei a minha vida à cruz de Cristo."  S. Caetano

A partir de hoje publicaremos diariamente a VIA SACRA, cada dia um seminarista fará a reflexão referente à estação. Acompanhe e reflita conosco essa devoção tão importante e interessante, sobretudo neste tempo da Quaresma.

                        

PRIMEIRA ESTAÇÃO



                           

                                     JESUS É CONDENADO À MORTE

 A via-sacra ou caminho da cruz é o trajeto seguido por Jesus carregando a cruz ao Calvário. O exercício da via-sacra, como também é chamado, a caminhada de Jesus a carregar a Cruz,  meditação da Paixão do Senhor Jesus.
 Esta reflexão é baseada na primeira estação ou etapa, em que cada uma apresenta uma cena da Paixão a ser meditada pelo discípulo de Cristo: A Primeira Estação: Jesus é condenado à morte, João (19, 14-16). Tudo se realizou pela plena liberdade de Jesus diante de práticas de sua vida, sendo que se cumpriu o que ele mesmo anunciava: sua prisão, julgamento,  condenação, crucifixão , morte e ressurreição.  
 Era véspera da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: “Aqui está o vosso rei” Eles começaram a gritar: “Fora! Fora! Crucifica-o” Pilatos perguntou: “Mas eu vou crucificar o vosso rei?” Os chefes dos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei além de César.” Então, finalmente, Pilatos entregou Jesus a eles para que fosse crucificado. Eles levaram Jesus.
 A morte de Jesus é uma decisão voluntaria; ele dá sua via livremente o Pai não quer a morte do Filho, mas aceita sua oferta livre e responsável pela salvação do mundo. Sua entrega é recompensada com a vida plena na Ressurreição. Ser cristão é estar em comunhão com todo o povo de Deus trabalhado por um mundo melhor. 

Ederson de Oliveira

Renovai, Renovando-se.

imagem do livro "Philosofia Divina", de Frei João Batista Carioni da Crema


   Seria impossível falar dos Teatinos sem falar deste tema tão profundo e tão marcante na historia dos Clérigos Regulares.  Renovai renovando-se, já ouvimos falar muito essa pequena frase, já se refletiu muito, e também já escrevemos muito sobre isso. Lendo um pouco mais Os Teatinos, no capítulo 2, na formação espiritual de São Caetano, vemos uma figura muito marcante na história dos Teatinos, Frei João Batista Carioni, o dominicano, um homem que faz parte da história dos Clérigos Regulares e que tanto admiro.  Carioni teve enorme influência na vida espiritual de São Caetano, como confessor. Carioni sempre orientava Caetano sobre as dificuldades do estado espiritual da humanidade, em especial de todas as pessoas, onde se necessitava de uma reforma de espirito. E Frei Batista vendo tão precariedade neste lado espiritual começa então iniciar uma reforma na espiritualidade cristã. Onde cada ser precisa conhecer-se interiormente.

   Carioni é um grande exemplo e inspiração para qualquer pessoa que busca uma renovação interior, que anseia pela reforma de si.  Vendo toda a sujeira naquela época, onde Lutero cheio de pomba querendo reformar a Igreja através do barulho, da movimentação e da agitação, Caetano faz ao contrário, inverte a cena, e começa a reforma de si, conhecendo-se, vendo as suas fragilidades, sua humanidade, o seu ego.
Onde essa frase começa a ganhar grande força. Caetano vê que deu certo o silêncio em si, e ajuda a sua comunidade a seguir esse exemplo de renovar-se. Conhecer-se.

 Lendo ainda Os Teatinos, Carioni é chamado de Mestre da energia espiritual.  E sem dúvidas Frei Carioni, é influência viva para a fundação dos Clérigos Regulares e sua espiritualidade. 

Sem. Christian Macedo

quarta-feira, 5 de março de 2014

Campanha da Fraternidade 2014


   Queridos amigos e amigas que nos acompanham por meio deste meio de comunicação, “renovai renovando-se”!

   Hoje vamos dar início à reflexão sobre um assunto que vai nos acompanhar ao longo dessas próximas quatro semanas da quaresma e, por consequência, permanecer em nossa realidade. Refiro-me aqui sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2014: Fraternidade e Tráfico Humano. Além do seu lema: “é para liberdade que Cristo nos libertou” Gálatas 5,1.

   Tendo como base o trabalho realizado pelos Padres Ari A. Reis e Luiz Carlos Dias, começaremos hoje falando sobre três pontos para entendermos o que é e para que serve a Campanha da Fraternidade (CF):

   Primeiro: precisamos entender que a CF é um “momento de diálogo com a sociedade com foco da justiça social e da superação do pecado social”. Sendo assim entendemos que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), responsável por esta campanha, quer conversar conosco, nos mostrar um problema que assola a nossa sociedade, nos fazendo entender o que esta acontecendo e, juntos encontrar meios de solucionar e acabar com esta injustiça. Como já falado antes, este ano nos é apresentado à questão do tráfico humano, que iremos nos aprofundar mais adiante.

   Segundo: A CF “leva para a sociedade uma perspectiva de vivencia evangélica comprometida”, ou seja, quando nos preocupamos com os problemas, que geralmente ferem a dignidade do ser humano, estamos nos preocupando em acabar com um ato que desrespeita os ensinamentos de Deus dados através de Jesus o Cristo, que nos foi passado através dos Evangelhos. Sendo assim, estamos vivendo de forma comprometida aquilo que a Palavra de Deus nos ensina.

   Terceiro: Quando entendemos tudo isso percebemos que a CF “deve gerar a conversão – mudança de mentalidade e de vida”; afinal de contas não podemos permanecer mais de “braços cruzados” diante dos erros, crimes, injustiças, desigualdades, que estão ao nosso redor. Quando temos consciência daquilo que acontece cada um de nós possui a obrigação de agir em prol do amor, da paz e da justiça neste mundo, e isso não pode ser algo de um dia, uma semana ou apenas uma quaresma, mas sim uma renovação constante em nossas vidas. Buscando “a liberdade para qual Cristo nos libertou”.

   Finalizando esta primeira reflexão, percebemos que a CF é uma maneira que a Igreja Católica no Brasil encontrou para conscientizar a todos nós e, assim, nos fazer comprometidos com o combate às injustiças e pecados cometidos em nosso meio, nos tornando verdadeiros evangelizadores da nossa sociedade.


Sem. Michael Rocha

Quarta-Feira de Cinzas


   A quarta-feira de Cinzas na Igreja Católica é um momento especial porque nos introduz precisamente no mistério quaresmal. Neste dia inicia-se o tempo litúrgico que chamamos de Quaresma. Momento relevante para que todo cristão se prepare dignamente para viver o Mistério Pascal do Senhor Jesus: Paixão, Morte e Ressurreição.Com a imposição das cinzas somos interpelados pelo convite: “convertei-vos e credes na Boa Nova de Cristo Jesus”. Durante quarenta dias os cristãos fazem seu exame de consciência e tornam-se mais semelhante ao coração de Jesus.  Tempo forte que se caracteriza pela mensagem bíblica e pela conversão.

   Neste contexto litúrgico quaresmal a Igreja nos convida a se voltar para os pobres e excluídos, cada cristão é chamado à prática da esmola, da oração e do jejum.A quarta-feira de Cinzas leva-nos a visualizar a Quaresma, exatamente para que busquemos a conversão e busquemos o Senhor. Ela nos insere dentro do mistério místico de Cristo.É um tempo de muita conversão, de muita oração, de arrependimento, tempo de voltarmos para Deus.

   A imposição das cinzas serve de lembrete a todos nós: “Lembra-te que do pó viestes e ao pó, hás de retornar.” A cinza quer demonstrar justamente isso; viemos do pó, viemos da cinza e voltaremos para lá, mas, precisamos estar com os nossos corações preparados, com a nossa alma preparada para Deus.

   Enfim, para que este ano ao celebrarmos a quarta-feira de cinzas e todo o período quaresmal possamos chegar à páscoa renascidos, mortos para o pecado e regenerados em Cristo. Que este período seja propício para renovação das promessas batismais e assumamos de verdade a missão a nós confiada por Cristo no dia do batismo, e finalmente, conscientes que as coisas deste mundo são passageiras, procuremos viver agora em diante a firme esperança no futuro e a plenitude do céu.

Sem. Ederson de Oliveira

terça-feira, 4 de março de 2014

A QUARESMA NA PERSPECTIVA TEATINA

                       

   O tempo da Quaresma é compreendido pela Igreja como um itinerário que se percorre rumo a algo maior: a Crucificação e Ressurreição de Cristo. Este caminho remonta-nos também aos 40 anos que o povo hebreu passou no deserto rumo à Terra prometida.
   Este tempo também nos remonta aos 40 dias que Cristo ficou no deserto jejuando. Quando sente-se tentado Jesus se vale da Palavra de Deus, que é também alimento e fortaleza espiritual: “não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (MT 4,4). Esta foi a força e defesa de Cristo que se encontrava na sua “quaresma” (provação no deserto). Ora, os primeiros teatinos sempre levaram para o seu cotidiano este exemplo, visto que, liam os evangelhos durante as refeições, prática que estava para além do tempo da quaresma. Assim, alimentados pela Palavra, teriam forças para por em prática o projeto suscitado no coração de Caetano pelo mesmo Espírito (Santo) que impeliu Jesus ao deserto. Sob este prisma percebemos que as práticas teatinas primitivas se identificam em muito com a vivência deste tempo litúrgico.
    Vemos características exemplares de tais modos de agir lendo Antonio B. Veny: “O Espírito dos teatinos desenhava uma silhueta de contornos bem definidos, que os distinguia entre todos por seu amor ao recolhimento, sua atitude assentada, seu ar de indiferença pelos interesses caducos, e uma coroa de doce otimismo, próprio de quem vive confiado sob a tutela amorosa da Providência de Deus” ( San Cayetano de Thiene, p. 309).  Entenda-se este ‘otimismo’ como algo de esperançoso, sem desânimo. Se voltarmos para um dos sentidos deste tempo, que é o itinerário dos hebreus no deserto, constatamos a sua condição em que estavam totalmente à mercê da Providência do Pai, assim como os teatinos, que se colocaram em tal condição por desejo próprio.
    Sobre as práticas quaresmais e àquelas que dizem respeito à vida teatina vemos claro esta correlação nesta explicação das atitudes na Quaresma:“Por isso se exige empenho evangélico e coerência de vida, traduzida em boas obras, em formas de renúncia àquilo que é supérfluo e de luxo, em manifestações de solidariedade com os sofredores e os necessitados”. (CONTIERI, Carlos Alberto, comentários bíblicos). Tudo isto foi  buscado de modo incessante pelo ser teatino e que se concretizou na vida dos santos, beatos e veneráveis clérigos regulares. E que também hoje deve concretizar-se na nossa vivência cotidiana. 

                                                                                             Pedro G. Moreira

Beato Paulo Burali D’ Arezzo: Exemplo de Serviço,Amigo da Verdade e Pai dos pobres.

   Com o nome de Batismo Scipione, nasceu em Itri, Diocese  de Gaetre  em 1511. Tendo  como pais,  Paulo e Victória Oliveres, teve também quatro irmãos, sendo Paulo o segundo e o primeiro João Batista, mais tarde Abade de Santo Erasmo, em Itri. Devido as lutas entre Guelfos e Gibelinos, a família Burali de Provenza transferiu-se para Toscana, depois Florência e finalmente a Parma e Arezzo. Ocorreu no ano de 1268.
   Paulo na sua infância, era um menino piedoso , com uma inclinação  particular de amor e solidão, mas possuía um caráter doce e amável no trato e no diálogo com os demais. Dedicava-se a oração, frequentava os sacramentos, assistia com frequência ao sacrifício eucarístico na Igreja de Santa Maria da Misericórdia. Destaca-se também  na infância de Paulo, que ele possuía um amor aos pobres e a seu pedido o pai teve sempre a dispensa aberta para um pedaço de pão e um copo de vinho para eles.
   Paulo foi advogado e exercia sua profissão com muita lealdade e sempre fazia a justiça acontecer na sociedade em que vivia, surge aí o carinhoso título de “amigo da verdade”. Sempre estava ao lado dos pobres e viúvas que na época eram muito injustiçados. Tinha como diretor espiritual o Pe João Marinoni( hoje Beato) que no meu ver incentivou ainda mais Paulo a viver a serviço da  caridade.
   Com o passar  do tempo ingressou na Ordem Teatina, no qual vivia com fé seus votos religiosos; A pobreza era verdadeiramente edificante, ele mesmo cuidava  de suas roupas velhas e gastadas e costurava seus sapatos rasgados. O Beato sempre gostava de ficar um tempo só, pois, manifestava sempre o desejo de estar sempre em oração com Deus.
   Como sacerdote  Burali, sempre se dedicava na administração dos sacramentos, que constituía e ainda constituí parte essencial  do apostolado teatino, como instrumento eficaz para a reforma dos costumes. O Beato conservava também o espírito de disponibilidade, paciência e possuía também uma  admirável caridade, sempre estava preocupado com os pobres. Como Prepósito, distinguiu-se pela exemplaridade, pelo cuidado da disciplina religiosa e, sobretudo,pela caridade, afeto e apego á Congregação. Sempre  estava disponível em ajudar os religiosos em suas tarefas e se alegrava pelo crescimento humano e espiritual de cada um.
   Exemplo foi também como Bispo de Piaccenza e mais tarde Cardeal, sempre esteve disponível em servir os mais pobres e conservava no coração e nas suas vestes  a pobreza e a simplicidade, dom este que possuía já desde criança. Possuindo também uma grande mente intelectual, promoveu várias reformas na sua diocese que, quando tomara posse a encontrou abandonada, um verdadeiro caos.  Foi muito criticado pelas pessoas, pois, como era inteligente, dedicava-se seu tempo em servir os pobres e não , segundo algumas pessoas que o criticavam,  em dedicar-se coisas que exigia o  seu status.

   Existem vários testemunhos de serviço, oração  e dedicação com a Igreja, ea  sua Liturgia e em especial com os pobres, que dava o amado Beato. Que possamos também, a começar por mim, a refletirmos nossa caminhada Teatina, Burali durante sua vida, colocou seus dons com alegria e sua admirável caridade,  a serviço da Ordem  Teatina e  do povo de Deus. Que possamos também colocarmos a serviço os nossos dons, com alegria.
Sem. Renan Felipe