sábado, 30 de abril de 2016

Bênção da Imagem de Nossa Senhora Aparecida

Na manhã deste sábado, na capela do Seminário São Caetano, foi celebrada de maneira solene a bênção da imagem da padroeira do Brasil Nossa Senhora Aparecida, precedida da oração das Laudes. Nas nossas constituições se orienta uma especial devoção a Mãe de Deus, por isso o padre José Sérgio, CR em visita ao Santuário Nacional fez questão de presentear a casa de formação com uma imagem da Senhora Aparecida para ser devidamente entronizada em nossa Capela para veneração dos formandos, sendo para todos um sinal de humildade para com o projeto do Pai.




Olhar renovador de Jesus que precisa gerar frutos

Ele foi capaz de olhar para minha miséria, enxergar os pecados de minha humanidade, onde eu mesmo, sujo pelas minhas incredulidades não seria capaz de enxergar em mim mesmo o que Aquele Homem pôde enxergar. Adentrar em minhas imperfeições e me dar motivos para recomeçar. Meu Deus!
Fez me acreditar que a renovação interior acontece quando nos permitimos acontecer, que sempre terá um motivo para recomeçar, e que renovar-se é gerar vida, proclamar a vida, e, sobretudo viver! Eu, tão orgulhoso, coberto de minhas falsidades e holofotes, cheio de minhas vaidades queria ver aquele que todos procuravam, quando o vi, meu coração palpitou, meus olhos se encheram de lagrimas, as muralhas de dos meus egoísmos caíram, os holofotes apagaram para mim, minhas falsidades escorriam-se como aguas torrentes no rio do Amor que passava ante os meus olhos. Era Jesus. Aquele que nunca precisou chamar a atenção que eu tanto queria chamar para mim. Aquele homem com roupas velhas e cheias de pó da estrada, sem vaidade nenhuma.  Subi na arvore, e no fundo do meu coração um Zaqueu inocente guardava um grito para aquele momento, estava inquieto. Sedento por Deus! Quem pensou um dia eu cobrador de impostos falar de Deus. Não acreditei quando Ele veio falar comigo.
-Zaqueu?
- Sou eu!
- Desça depressa dessa arvore, quero ficar em sua casa hoje!
Naquela multidão algumas pessoas se escandalizaram: Como Jesus pode entrar na casa de um pecador? Será que Jesus conhece a vida de Zaqueu? Isso não pode acontecer...
Não esperava que Ele fosse falar comigo, eu tão pecador, tão egoísta, tão miserável, tão longe e descrente de Deus, pude vivenciar o céu naquele momento, o sagrado que se fez homem como eu.
O Zaqueu inocente preso por suas vontades que gritava naquele coração foi liberto da cadeia, que não o permitia enxergar o interno e belo que ali morava.

Uma pergunta não se calava no íntimo do meu coração, e agora o que devo fazer?  Como retribuir para que outras pessoas também se encontrem com Jesus? Eu sentia que aquele encontro não podia ficar somente ali, naquele momento, algo a mais abrasava o meu coração.  Foi quando eu tive a coragem de progredir, de verdadeiramente rasgar com a lógica do tempo, onde queria sem mais nada vivenciar o que marcaria a minha história, despojando-me de meus bens e devolvendo tudo o que não era fruto do meu suor.
- Jesus?
- Sim, Zaqueu.
- Não posso deixar que esse encontro acabasse aqui, quero devolver tudo o que roubei dos pobres, quero devolver a dignidade de muitas pessoas, quero fazer com que as pessoas voltem a sonhar os seus sonhos que um dia eu intervi roubando, e para concretizar essa minha ação devolverei com juros tudo o que roubei, quatro vezes a mais.
-Muito me alegro Zaqueu.
-E eu pensando que ali minha alegria já seria o bastante, Jesus me surpreendeu, dizendo:
-“Hoje a salvação entra em sua casa”.
 Pulei de felicidade, sorri, chorei em não consegui me conter de felicidade, quem diria Zaqueu, chegou o momento da transformação de uma vida nova.
 Eu estava estupefato de tanta alegria, Jesus com sua mão em meu ombro, como amigos,caminhamos... Eu contando da minha vida para Ele, dos erros que cometi, das coisas erradas da minha vida, a falta de amor que eu tinha o desprezo que eu fazia para com as pessoas, despejei sobre Ele tudo o que eu tinha naquele momento...
Mais uma vez Ele olhou para mim, eu com os olhos cheios de lagrimas eu com muita vergonha, olhei no profundo daqueles olhos, vi misericórdia, que só queria me amar, quando Ele me disse que eu ainda tinha jeito na vida, que não estava perdido, e que Ele me amava e estaria sempre comigo. Nossa! Nunca ninguém me disse isso. Quanto amor! Fiquei paralisado, esperando aquelas palavras diluírem em meu coração...
Em casa comemos, conversamos, demos muitas risadas juntos, minha família muito feliz, tudo estava perfeito. Ali pude compreender um pouco o papel de Jesus, em Levar a alegria aos tristes, esperança aos que estão desesperados, motivos para recomeçar para quem está desmotivado.
Eu sou Zaqueu do Evangelho, que eu dia encontrei o amor, cheio de meus orgulhos, cheio de minhas vaidades. Encontro que me moveu a partilhar do meu com os pobres, que me fez devolver o que não era meu.A completude da conversão acontece aqui, quando nos despojamos do excesso que não nos faz crescer.
Seja corajoso como Zaqueu, arrisque-se em encontrar com Jesus, sobretudo a partir desse encontro se gere um fruto de partilha, de solidariedade para com aqueles que mais precisam de nós. ¨... darei senhor a metade de meus bens aos pobres, se roubei devolverei quatro vezes a mais...¨.
 Esse sou eu, o renovado, que quer renovar!
Sem. Christtian Macedo

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Igreja que eu sonho... Pobre, com os pobres, para os pobres.



Quando falamos de igreja, não podemos nos prender somente a conceitos, ou dogmas, mais sim falar de um âmbito geral e amplo aos horizontes do mundo inteiro. Foi a partir desse mesmo pensamento que o nosso querido Papa Francisco, exalta a questão de um Igreja da misericórdia, uma igreja que busca a ovelha perdida, que em certa altura da vida, se perdeu ou se desviou dos olhares do Senhor, e que nós como membros dessa igreja, devemos correr atrás da mesma. Mas não somente a ela, mais a todas, até mesmo aquelas que nunca tiveram esse encontro íntimo e pessoal com o Bom Pastor.
O Papa, chega ao seu pontificado com essa bagagem, de uma igreja que precisa sair do seu conformismo, da sua zona de conforto e abraçar a causa em favor dos sofredores e necessitados, que passam suas misérias, arrastando sua existência sem perspectiva de vida, sem o ânimo para o novo, pessoas que necessitam não somente de pão, mais de carinho, de afeto, de atenção. Partindo daí, já vemos que o Papa, não quer mais uma igreja que se preocupe burocratização, mas, uma igreja que olhe os menores, e os aproxime de Deus. Ajudando-os na construção do seu caráter pessoal, como cidadãos, e até mesmo político, que optem e se posicionem no bairro, num congresso, ou em qualquer lugar público.
É muito interessante o lema do pontificado do Papa Francisco, Com Misericórdia, o elegeu, para dizer o que, a misericórdia de Deus se estende a todos, a igreja que sai e vai de encontro. Evangelizar é a missão da igreja. Mais evangelizar quem? Os pobres, os necessitados, aqueles que não conhecem a palavra de Deus, pessoas afastadas, uma igreja pobre, que se faz pobre, com o pobre. A igreja de todos.
Papa ressalta em sua exortação apostólica “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui, e para toda a Igreja, aquilo que muitas vezes disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar ás próprias seguranças.”(EvangelliGaudium,Capitulo I, 49, pág 43)
A partir desse novo impulso, somos todos convidados a continuar a missão e o legado de Jesus Cristo; olhando para a história e a passagem de Jesus na terra, acompanhamos um homem, que nunca se cansava de anunciar as coisas do Pai, um Jesus na condição humana, com limitações mais com garra, com uma missão a ser exercida. Jesus não selecionava a quem ele iria falar, curar e ajudar, Ele simplesmente realizava. Ele não se cansava, estava sempre em posição, sempre em movimento. Que possamos também nos agitar par ir ao encontro dos mais pobres e necessitados, aqueles que precisam da nossa presença e da nossa alegria.
 Assim como nosso querido Pai e fundador, São Caetano fez, que sem reservas trocou sua vida e pela cruz de Cristo, essa cruz que gera vida e promove a justiça para a salvação de todos.


                                                                                                                         Christian Macedo

terça-feira, 26 de abril de 2016

Descanse em Paz! Sem. Rodrigo Vieira

Nos últimos dias à Província Paulo VI do Brasil, viveu uma experiência difícil desde a confirmação do falecimento do aspirante Rodrigo Vieira de Oliveira, de 27 anos, do Seminário São Pio X. Em tão pouco tempo milhares de pessoas se uniram em prece por sua recuperação, mensagens de apoio aos familiares e amigos vieram de vários lugares inclusive de nossa Cúria Geral e das demais províncias Teatinas demonstrando uma verdadeira família orante vivendo o comum. 
A morte por si só afeta a todos nós, independente de já termos ou não testemunhado uma experiência tão dolorosa, que é a perda de um ente querido. Mas a dor dessa perda nos afeta muito mais intensamente quando a morte nos leva embora de forma sorrateira, imprevisível e tão definitivamente um jovem como o Rodrigo. Resta em nós um sentimento de prejuízo, de revolta, de que fomos iludidos. O falecimento de uma pessoa idosa, doente ou incômoda, apesar de tudo, nos consola pelo sentimento de alívio, para nós e para quem partiu, pelo sentimento de dever cumprido, de uma vida longa e plena. Mas quando a morte atinge um jovem cheio de vida, que deixa projetos em andamento, pais vivos e tantas possibilidades, tanto potencial a ser desenvolvido, tanta vida a ser vivida… escancara-se a realidade de que basta estar vivo para morrer.
 
Não se pode ter a pretensão de que os ensinamentos de Jesus podem melhor confortar e conformar àqueles que se deparam com uma morte “injusta”, posto que dor é sempre dor, mas que a partir dessas reflexões, talvez possamos nos limitar a chorar a dor da separação causada pela morte, desobrigando-nos de suportar a sensação de perda desnecessária e injusta, para que a morte de um jovem como o Rodrigo nos faça refletir o quanto a vida é frágil, e que merece ser vivida em plenitude, seja longa ou curta, pois a vida individual está inserida num contexto muito maior, que é a Vida Imensurável. E que essa vida encerrada prematuramente, possa estar agora unida à Cristo Jesus Ressuscitado, vivificando-nos até o dia em que a dor se transforme em lembrança, e que enfim, possamos nos reencontrar na morada eterna, no Novo Céu e na Nova Terra o Reino de Deus.

Mas como a Igreja nos orienta e nos ensina, que nossa vida não é terminada mais sim transformada possamos como cristãos dar esse bonito testemunho de Fé e Esperança!  

Rodrigo era natural da cidade de São Bernardo do Campo, terceiro filho de D. Ilina que a oito meses também se despedia de seu esposo. Ele foi acolhido em fevereiro deste ano em nosso seminário afim de dar uma resposta generosa ao Bom Pastor junto aos padres Teatinos. 
Nestes dias de oração pudemos perceber a união entre os irmãos, que não mediram esforços para se consolar diante desta fatalidade. O padre reitor do Seminário de Fartura/SP juntamente com os aspirantes que faziam parte da turma de Rodrigo vieram para o Seminário de Guarulhos/SP para esperar o inicio do velório e sepultamento, junto com eles vieram o prepósito provincial Padre Osman, CR, o vigário provincial Padre Misael, CR os padres da cidade de Itaí/SP padre João Marcos e Alissom, CC.RR. Também o seminário São Caetano deu toda a estrutura no acolhimento e na preparação para a celebração das exéquias e da missa de corpo presente. Também os padres da Diocese de Santo André/SP bem como os amigos seminaristas e membros das diversas comunidades onde o Rodrigo pode desenvolver seu trabalho pastoral estavam presentes com sua oração e solidariedade. 
Diante de tudo o que aconteceu podemos afirmar se medo de errar, o motivo maior que foi capaz de reunir a todos não foi a morte e sim o Amor. 
Nossa província deseja aos familiares e amigos a força que vem de Deus, pois sendo ele o Divino Consolador cuidará de nossas feridas nos cercando de carinho e proteção. Aos irmãos de caminhada o desejo é de que possam aproveitar esse acontecimento para melhor pensar na vida e na caminhada assumida para melhor servir e amar.  Queremos pedir a Nossa Senhora da Pureza a senhora de toda a consolação que acalente nossos corações e nos ajude neste caminhar tão difícil rumo ao Pai a fazer sempre a vontade do Senhor!  Amém. 

Ir. Blener Domingues, CR

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Visita do Padre Provincial Padre Osman, CR

Seguindo a proposta anunciada no dia de sua eleição para a função de Provincial de visitar todas as casas de formação periodicamente, na última terça feira dia 19/04 o nosso Seminário teve a imensa satisfação e alegria de acolher o nosso provincial Padre Osman Procópio, CR. Ele pôde conversar com cada seminarista dando orientações para uma boa caminhada e ouvindo as necessidades de cada um. Essa proposta foi assumida não só pelo provincial, mas por todo o seu conselho que ao longo deste semestre também devem visitar. A visita se encerrou na manhã nesta quarta feira dia 20/04 com a celebração da Santa Missa. Agradecemos a visita e a proximidade em nossa caminhada formativa. 

sábado, 16 de abril de 2016

Novos Ventos nos Conventos - A Comunidade

Uma Análise sobre o encontro da CRB - Núcleo de Guarulhos (Conferência dos Religiosos do Brasil) com o Pe. José Carlos Pereira, abordando sobre o livro “Novos Ventos no Convento” de sua própria autoria, em 03/04/2016.

Abordagem Principal
A Comunidade

A importância de renovar-se no ambiente religioso, nos dias atuais a busca pela vida religiosa registrou uma grande queda segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do CERIS (Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais) em vocações para a vida religiosa, e qual seria a causa de isso estar acontecendo, esta realidade assombra muitas Congregações e Ordens religiosas.
Por outro lado, a vida diocesana tem aumentado o número de vocações, mas como compreender essa inversão, onde os religiosos estão tendo uma queda e os diocesanos um aumento, qual seria o motivo para que isso viesse a acontecer ao longo dos anos.
A Igreja está atenta a movimentações a este respeito, e não é por acaso que muitas vezes a própria Igreja motiva a renovação da vida religiosa, um exemplo claro foi quando o Papa Francisco deu abertura ao ano da Vida Consagrada onde foi aberto em 29 de novembro de 2014 e se encerou em 02 de fevereiro de 2016, fazendo-se recordar a importância de voltar o nosso olhar para a origem da fundação de cada Congregação ou Ordem Religiosa.
Colocar-se com um olhar especial para com o fundador e retornar a fonte de espiritualidade e carisma de cada Ordem e/ou Congregação religiosa, é preciso embeber-se da motivação dos fundadores que animou e continua a animar tantas ordens religiosas.
Não basta somente esta busca pela renovação, mas um verdadeiro testemunho de vida, também o documento de Aparecida da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, de forma geral chama a atenção a este ponto onde é todos chamados a uma renovação.
As pastorais de forma geral, hoje se estrutura na maneira de manutenção, e se perdeu o âmbito missionário que precisa estar presente no meio da comunidade, novamente a Igreja por meio do Documento 100 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) “Comunidade de Comunidades”, onde ressalta a importância de resgatar a dimensão missionaria e poder formar uma comunidade autentica como é citado em cf. At 2, 42-47, onde relata sobre uma comunidade perfeita.

Levando em base o que foi colocado anteriormente, pode-se narrar sobre a questão a vida em comunidade, antes de trabalhar diretamente com a vida comunitária, se torna necessário observar algumas dificuldades da vivencia em comunidade em especial do âmbito religioso.
O ser humano foi criado para viver em conjunto com outros, não se vive sozinho em uma bolha, mas sim em conjunto, neste meio termo a sociedade chama a cada um para viver em sociedade por meio das cidades, estados, países, continentes, porem isso coloca diretamente uma barreira com a vida em comunidade.
Primeiro, a questão da sociedade, onde o indivíduo é chamado a se destacar no trabalho, nos estudos, nos grupos de convivência, entre outras circunstâncias, quando a questão “destaque” vem à tona então revela-se o comportamento da sociedade que coloca o ser humano e condiciona para ser individualista, egoísta, não partilha com o próximo a sua volta, faz de tudo para se ascender em relação ao outro, e o mérito é individual.
Já na vida comunitária, ou seja, vida em comunidade em especial a religiosa, está forma de vida da sociedade se contrapõem, pois, na comunidade busca-se um crescimento do todo, e não do individual sozinho, mas partilhando os dons, tristezas, alegrias, dor, e cada um na comunidade se torna o complemento do outro, quando um é elogiado, todos ficam alegres pois participam do crescimento do irmão de comunidade.  
Esta seria uma comunidade perfeita, mas sabe-se de seus desafios ao longo do tempo, quando vários indivíduos estão reunidos em um único ambiente, onde forma a comunidade, cada ser possui a sua individualidade, particularidade, sua cultura regional, cultura familiar, seus gostos em fim, todo indivíduo é singular, com isso pode-se gerar atritos devido as várias formas e peculiaridade de sua identidade e personalidade.
Mas, muitas vezes isso pode causar discussões, desentendimentos, e até a divisão de uma comunidade, com o tempo tudo isso pode minar uma comunidade inteira, resumindo a vida de comunidade simplesmente aos momentos de oração e refeição, seria a plena certeza que não está se vivendo um verdadeiro Espirito de Comunidade e sim uma situação de sociedade onde cada um é por si, não se preocupa com seu irmão de comunidade, apenas se tona um peso.
Quando a comunidade chega a esta situação muitos pontos podem ser questionados, como por exemplo, como é a formação interna da comunidade, como é tratada a individualidade, que é diferente de ser individualista, como é tratado o relacionamento entre os irmãos da comunidade quando surge discordâncias, muitos são os pontos que podem levar a comunidade a minar-se.
Quando em uma comunidade de religiosos, onde se possui um estatuto próprio e/ou regras que estrutura esta comunidade, um dos pontos que pode causar dificuldades de convivência é a forma com que a formação é conduzida, quando se refere a formação logo já faz-se um paralelo com a sociedade, não deveria ser assim, pois a formação então começa a realizar formas, moldes, onde o indivíduo que entra para esta comunidade já sabendo das regras é colocado neste molde com o objetivo formar seres de forma igualitária, e isto fere diretamente a comunidade, pois quando se conduz assim, separa-se, e molda, como um processo funil e isto a sociedade já faz com toda sua estrutura de competitividade e individualismo.
Está se abordando apenas um aspecto no caso da formação como citado no parágrafo anterior, mas então como seria a forma ideal de uma formação, um dos elementos é o respeito a individualidade, ao entrar no processo de formação e respeitando as particularidades de cada indivíduo, desta forma a comunidade, ou seja, a vida em comunidade ganha força e começa a valorizar a individualidade de cada integrante, nada mais é que, colocar todos os dons e habilidades de cada um em comum com todos, desta forma um completa o outro, ou seja, um que possui o dom de tocar um instrumento musical, pode complementar o outro irmão que usa de sua voz para cantar, a beleza da vida comunitária está na partilha, de dons, dificuldades, fragilidades, facilidades de cada um, vida em comum é crescer em conjunto.
Quando a comunidade compreende este ponto, só tende a crescer, alguns pontos que podem ajudar a comunidade viver em harmonia são:
- Respeito a individualidade;
- A partilha;
- A aceitação do diferente ou das diferenças;
- O exercício do poder;
- O serviço ao próximo;
- A humildade;
- A vivencia os votos.
Quando se observa estes pontos a vida em comunidade tende a gerar bons frutos, um ponto destes citados a cima que não pode passar despercebido é “o exercício do poder”, como o superior vê o ponto de partida quando ele se encontra no poder ou afrente da comunidade, isso pode causar uma diferença imensa, quando o que exerce o poder, usa como uma posição de destaque e superioridade então novamente a comunidade está caminhando a passos largos para se dividir e com o tempo minar todo o grupo, como pode ver a advertência de Paulo na 1Cor 1,10-16, porém quando este exerce o poder e na condição e no tratamento como serviço para a comunidade, então esta, tende a se desenvolver e crescer na unidade.
Um dos objetivos de uma comunidade é viver em plena partilha e unidade, porem para isto, pode ocorrer algumas situações que pode dividir a comunidade, o fator vocação é um ponto chave para definir a saúde de uma comunidade religiosa, infelizmente, muitos são os casos de indivíduos que não são verdadeiramente vocacionados a vida religiosa, pois neste quesito é complexo, envolve fatores diversos, mas se tome apenas um como ponto de analise, quando a vocação que surge do meio da sociedade, é para o indivíduo como uma forma de fugir da sociedade então esta vocação pode gerar consequências destrutivas para a vida de comunidade, agora se a vocação do indivíduo é vista que, onde se encontra na sociedade e exerce alguma função, estudo, trabalho, em fim alguma atividade, porem isto lhe causa um sentimento de estar faltando algo ou tudo isso não lhe completa, então temos indícios fortes de uma vocação saudável e as chances de somar a comunidade são grandes.
A vida em comunidade da segurança para seus integrantes. Quando se partilha e se respeita mutuamente, a comunidade é um porto seguro, pois todos se apoiam um ao outro, por isso as vezes a vida em comunidade religiosa pode chamar a atenção da sociedade, pois a sociedade é individualista e competitiva um com o outro. Diferente da vida comunitária onde se busca o bem comum, e a partilha; A segurança nesta vida requer obediência, sendo um dos votos mais importantes, pois quando se tem obediência os demais são automaticamente observados, quando a obediência é observada na comunidade então muitas situações são evitadas e atritos desnecessários são também sucumbidos.
Quando a comunidade faz a experiência em partilhar tudo em comum em uma comunhão fraterna onde se faz a observância de alguns pontos como:
- Partilha
- Ter tudo em comum
- Nada é meu, tudo é nosso
- Os dons
- Os talentos
- As alegrias
- As tristezas
- As conquistas
- As derrotas
Então se compreendeu verdadeiramente o espirito em viver em comunidade sobre o mesmo teto, e quando assumo a viver em comunidade precisa-se assumir a totalidade do outro, é aí que mora a maior dificuldade, em não aceitar a totalidade do outro e sim apenas, aspectos da totalidade e com isto corre o risco de gerar as conversas paralelas a respeito do outro, então a famosa fofoca, onde somente pode minar toda a comunidade, quando acontece desta forma, existe a facilidade de falar do outro, mas tem a dificuldade de falar de si mesmo, e de suas mazelas.
Observe como a vida religiosa em comunidade de maneira geral e fascinante, mas cheias de desafios, e são os desafios envolvidos que nos causa grande fascínio, como é citado em cf. At 2, 42-47, onde relata uma comunidade perfeita, quando a comunidade está em unidade e consegue ver e viver em união, no amor, na mesma fé e no mesmo carisma/ou ideal, então a comunidade gera frutos pelo testemunho de vida, onde o objetivo é crescer todos juntos e unidos na fé.
O que mantem uma comunidade na unidade é o bem comum, tudo é em vista do bem comum e da partilha em uma comunidade, o valor da comunidade no caso dos Apóstolos, o bem comum era a própria comunidade formada no ideal de Jesus.
Vida em comunidade é sempre colocar-se a serviço do outro buscando o bem comum de todos, está é a beleza e a grande riqueza de se viver em comunidade, em fraternidade unidos em grande partilha de bens e dons que todos tem em acrescentar no grupo, como recorda Paulo cf. 1Cor 12,1-31 ; A vida religiosa não é algo do passado e sim algo que está vivo até hoje, buscando se moldar e renovar com o objetivo que todos alcance a verdadeira vocação de servir e colocar a serviço do próximo na partilha, como também Jesus mostratantos exemplos de partilha em sua caminhada.   
A vida religiosa em comunidade precisa buscar diariamente se renovar como Jesus ressuscitado na vida de todos, deixar de ser o velho homem, e se tornar o novo homem que renasce por meio do batismo, e todos que seguem na vida religiosa onde busca partilhar tudo em comum ou seja em comunidade, precisa sempre buscar a renovação tanto de si mesmo, mudando o próprio interior, assim contribuir para a renovação da comunidade como um todo e sempre fortalecidos em Jesus Cristo como os discípulos foram animados no relato em cf. Lc 24,1-12.


Sem. Henrique Nunes Oliveira - Estudante do Primeiro Ano de Filosofia