Desde o início os Clérigos Regulares chamaram de casa seus
conventos. A casa acaba por ser um símbolo do novo modo de vida que se propõem
os fundadores, isto é, ela é o lugar da prática da vida apostólica dentro de
uma comunidade, era ali o local onde se realizava o desejo de “habitar juntos em uma casa vivendo em comum
e do comum”.
De fato, a casa teatina é um porto seguro para seus
integrantes. Este termo exprime o espírito do teatino, que não é menos que uma
família peculiar à luz da comunidade dos primeiros tempos cristãos. O laço que
une os integrantes da ‘família teatina’ é mais forte que o laço do sangue, é o
laço da irmandade em Jesus, isto é, o que eles possuem em comum não é simplesmente
consanguinidade, mas sim um desejo comum de seguir a Cristo.
Esta é uma das características mais singulares desta
Congregação, mas que por conta da modernidade se faz ‘esquecida’ nas páginas de
sua história. Com a perda da noção da dita ‘teologia da casa’ perde-se uma das
rochas que sustentam este carisma, que é experienciado dentro da casa, ou seja,
é ali que se dá a movimentação da espiritualidade, do carisma, bem como sua
renovação.
Deste modo, “se não queremos que a nossa espiritualidade
própria se esvazie de conteúdo, ‘temos que
voltar à casa’.” (Duc in Altum, II/20-In Domo Habitantes, p.3). Podemos dizer que o abandono da casa,
implica, de certo modo, a um abandono do próprio espírito teatino. Sendo
redundante, a perda da consciência do lugar religioso ocorre em um
“esvaziamento de nossa espiritualidade própria”, nada mais que um contínuo
vazamento da vivacidade da Ordem.
A atualidade colaborou em muito com a desestruturação da família e casa moderna,
isto atingiu também o campo religioso e ,por conseguinte, os teatinos. Cabe,
portanto, evocar ao espírito mais primitivo desta espiritualidade, que é a
‘reforma’ dos costumes incoerentes, seja a época que for. É mister salientar
que a ideia de reforma não se prende ao século XVI, como é recorrente pensar, mas esta reforma está para além de
determinada época, visto que a própria espiritualidade teatina é dinâmica e se
adapta ao tempo em que se encontra presente. Ou seja, não se trata somente de
reformar os costumes incoerentes do clero, mas como também os da sociedade.
Pedro G. Moreira
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