terça-feira, 11 de março de 2014

A Casa Teatina

                                               


 Desde o início os Clérigos Regulares chamaram de casa seus conventos. A casa acaba por ser um símbolo do novo modo de vida que se propõem os fundadores, isto é, ela é o lugar da prática da vida apostólica dentro de uma comunidade, era ali o local onde se realizava o desejo de “habitar juntos em uma casa vivendo em comum e do comum”.
 De fato, a casa teatina é um porto seguro para seus integrantes. Este termo exprime o espírito do teatino, que não é menos que uma família peculiar à luz da comunidade dos primeiros tempos cristãos. O laço que une os integrantes da ‘família teatina’ é mais forte que o laço do sangue, é o laço da irmandade em Jesus, isto é, o que eles possuem em comum não é simplesmente consanguinidade, mas sim um desejo comum de seguir a Cristo.
 Esta é uma das características mais singulares desta Congregação, mas que por conta da modernidade se faz ‘esquecida’ nas páginas de sua história. Com a perda da noção da dita ‘teologia da casa’ perde-se uma das rochas que sustentam este carisma, que é experienciado dentro da casa, ou seja, é ali que se dá a movimentação da espiritualidade, do carisma, bem como sua renovação.
 Deste modo, “se não queremos que a nossa espiritualidade própria se esvazie de conteúdo, ‘temos que voltar à casa’.” (Duc in Altum, II/20-In Domo Habitantes, p.3). Podemos dizer que o abandono da casa, implica, de certo modo, a um abandono do próprio espírito teatino. Sendo redundante, a perda da consciência do lugar religioso ocorre em um “esvaziamento de nossa espiritualidade própria”, nada mais que um contínuo vazamento da vivacidade da Ordem.
 A atualidade colaborou em muito com a desestruturação da família e casa moderna, isto atingiu também o campo religioso e ,por conseguinte, os teatinos. Cabe, portanto, evocar ao espírito mais primitivo desta espiritualidade, que é a ‘reforma’ dos costumes incoerentes, seja a época que for. É mister salientar que a ideia de reforma não se prende ao século XVI, como é recorrente  pensar, mas esta reforma está para além de determinada época, visto que a própria espiritualidade teatina é dinâmica e se adapta ao tempo em que se encontra presente. Ou seja, não se trata somente de reformar os costumes incoerentes do clero, mas como também os da sociedade.


                                                                                                                            Pedro G. Moreira

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