quinta-feira, 17 de abril de 2014

Meditação sobre o encontro de nosso Senhor Jesus Cristo, carregando a cruz às costas rumo ao Calvário com sua Beatíssima mãe a senhora das Dores, Maria Santíssima.


Meditação sobre a Virgem das Dores
Texto base da meditação : Lamentações 1,12 (Lámed)
“Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta!”
Embora saibamos que Maria Santíssima não disse essas palavras, mas a Igreja, deste de os primeiros séculos atribuiu a ela essa lamentação. Podemos quase imaginar Maria, chorando atrás do cortejo que leva seu Divino Filho ao suplicio e entre olhares de repreensão de muitos conhecidos ou não, por entre lágrimas silenciosas, ela indaga a cada um: “existe dor igual à minha dor?”
Uma mãe que cria seu filho com todo amor, educa-o, nutre-o, cura-lhe as feridas de quedas quando criança, da ao fruto de seu amor toda a atenção, como nossas mães nos deram. Todos nós já ouvimos dizer que mãe nenhuma cria filho pra enterrar, mas espera que um dia, quando na sua velhice tiver que partir dessa terra, o seu amado filho estará ao seu lado, amparando, consolando, segurando as suas mãos...
Mas com Maria foi diferente, assim como infelizmente é com tantas mães que veem seus filhos em situações deploráveis, sub-humanas e mesmo com o coração em pedaços, nada podem fazer, mas continuam amando, consolando, fazendo-lhes companhia, ela, com uma troca de olhares, talvez um toque rápido nas mãos que tantas vezes lhe fizeram um carinho, mostra-se solidária com a dor, o sofrimento e a condenação do filho.
Maria é a figura desconsolada de tantas mães que perderam e ainda perdem seus filhos para as drogas, para a prostituição, para o alcoolismo, para pessoas sem escrúpulo que só visam o lucro e o próprio bem estar. Usando muitas vezes para adquirirem esse lucro a vida de pessoas que por um sonho ou uma desilusão, deixam suas famílias e partem sem saber se o que encontrarão será tão bom quando lhe disseram.
“Ó vós que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor!” é o que milhares de mulheres gritam perante uma sociedade que busca somente a realização de suas necessidades e não olha para os que sofrem. É só pararmos um pouco e prestarmos atenção, quantas pessoas clamam, com voz até rouca por uma atenção, por socorro, clamam desesperadamente aos céus na esperança de que ao menos Deus se compadeça de seu sofrimento e envie um bálsamo acalentador para suas feridas.
Mãe das dores, Virgem Maria, nossa mãe, vós que estivestes junto a vosso Divino Filho no doloroso caminho da Cruz, olha para nossas mães, avós, esposas, filhas, sobrinhas, mulheres que como teu Jesus carregam uma pesada cruz nem sempre aliviadas por um Cirineu, nem sempre com suas faces limpadas por uma Verônica piedosa. Dai-lhes ó mãe vosso auxilio nas angustias, vosso consolo nas tribulações, vosso colo para chorarem quando tudo mais parecer perdido e sem razão.
Com toda certeza, Maria Santíssima esperava ter ao seu lado na hora derradeira seu filho, mas Deus aprouve-lhe de outro modo: ela, silenciosa e com um choro angustiante, consolou, animou e acima de tudo rezou pela missão de seu filho. Aquela espada de dor que o velho Simeão profetizou que lhe transpassaria a alma agora se faz real e aguda. Agora ela começa a entender muitas das coisas que guardava e meditava em seu coração, quanta coisa agora lhe vinha aos olhos da alma, quantas palavras, quantos gestos...tudo a fizeram entrar na noite mais escura da alma: quando Deus revela por definitivo seu plano de salvação e nos pede que colaboremos ofertando algo de nós, aqui, Maria, mesmo com sua dor de mãe que vê o filho sendo condenado injustamente à morte, renova o sim dado ao divino mensageiro naquele feliz dia da anunciação e com a alma rasgada de dor, O oferece ao Pai para que se cumpra a nossa salvação.
Meditação sobre o Senhor Jesus dos Passos
Texto base da meditação: Isaías 52,14-15
“Assim como, à sua vista, muitos ficaram embaraçados – tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana – assim admirarão muitos povos: os reis permanecerão mudos diante dele, porque verão o que nunca lhes tinha sido contado,e observarão um prodígio inaudito.”
Assim se expressa bem o profeta quando no chamado “Cântico do servo sofredor”descreve a visão que muitos que estavam em Jerusalém para a festa da Páscoa tiveram daquele homem que nada fez de mal, mas que soube acolher, amar, perdoar e falar de uma forma que ninguém nuca havia falado. Mas qual seria o seu crime? Que horror poderia ter cometido tal homem? Porque teve castigo tão extremo?
Aquele homem que tanto bem fez, que com um olhar despertava a esperança escondida dentro de tantos, agora estava ali, mais chagado que um leproso, coberto de sangue, ferido, cuspido, escarrado, levando bofetões de todos os lados e ainda, com os mesmo olhar de amor inabalável que fitava a cada com um carinho que jamais outro olhou ou olharia novamente. Seu crime? Tratar todos com o mesmo amor, conviver com pecadores públicos, prostitutas, cegos, aleijados, doentes de todas as formas... dizer-se filho de Deus!
Seus cabelos possivelmente embaraçados formavam uma pasta só, unida pelo sangue que escorria de suas feridas feitas pela coroa de espinhos, suas mãos e pés, amarrados, dificultando ainda mais seu caminhar, seus olhos embaçados pelo sangue, a cruz às costas que lhe feria o ombro, os pés descalços que escorregavam nas pedras do caminho, o abandono por parte de seus discípulos, a incoerência do povo que dias antes o aclamava como rei com gritos de Hosana...
Quantas pessoas, ainda hoje sofrem as mesmas dores de Cristo! Quantas pessoas que são vendidas e traficadas por pura ganância, quantas pessoas ainda tem suas mãos e pés amarrados quando são encarceradas por traficantes ou de forma injusta, outras tem que trabalhar em situações de escravidão e perdem a dignidade de poderem trabalhar para seu sustento ou de seus familiares. Quantos que se dizem amigos, mas são pedras de tropeço, pois conduzem para o vicio, a dependência, ao abandono de seus valores...conduzem à perdição completa, quase apagando neles a imagem de filhos amados de Deus.
Deus nos ama de tal modo que entregou seu Filho amado para nos resgatar do pecado e da morte, nos libertar das amarras que nos levam para longe do que Ele sonhou para nós. Mesmo assim, nos obrigam ou nós mesmos somos obrigados a carregar uma cruz que ao invés de sinal de vitória pela morte vencida se torna vida vencida pela morte! Mas Deus não desiste de nós! Vem ao nosso encontro por meio de tantas pessoas, uma Verônica que nos enxuga o rosto, um Cirineu que se inclina e nos ajuda a levantar e a carregar a cruz, um doce olhar de mãe que nos acalenta o coração...tudo isso é Deus caminhando conosco.
Quantas quedas! Quantas pedras! Quantos espinhos! Quanta coisa vai se grudando nas feridas como as roupas de Jesus em seu corpo, mas quando chega a hora de tira-las, quanta dor! Coisas que vão se fixando em nós e vão quase se tornando uma segunda pele: falsos amigos, um ou vários vícios,uma necessidade supérflua, uma amor mal orientado, tudo isso, precisa ser tirado, para que a libertação a nós trazida por Jesus e conquistada por seu sangue seja eficaz e gere-nos para uma nova vida.
Jesus caminha com a cruz às costas não por ser um vitimista ou um fatalista, uma pessoa entregue à sorte, mas o faz consciente de que a sua missão passava pela cruz e seu amor ao Pai o sustentava. Ele caminha na dor para nos indicar que nunca devemos nos paralisar seja qual for o motivo, caminhar é preciso, chegar é preciso, consumar nossa vida por amor, mas por uma amor que valha a pena é fundamental, por isso, Ele o faz por primeiro e nos mostra como fazer.

Sofrimentos virão, incompreensões, perseguições, desilusões, fracassos, mas nunca sempre tudo isso durará, um dia a chuva para, o horizonte se abre, o sol aparece, a vida renasce e a cruz que olhávamos tão penosa e dolorida será um sinal de vitória e vida!Mas a experiência da ressurreição só experimenta quem passa pelo caminho da cruz e da morte no Calvário. Jesus mostrou isso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário